Médicos Sem Fronteiras alerta que é necessário abrigo, bens de primeira necessidade e cuidados de saúde.
A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) estimou esta segunda-feira em mais de 80 mil o número de pessoas que fugiram este ano de ataques terroristas em Cabo Delgado, norte de Moçambique, pedindo assistência alimentar e apoio psicológico.
"Seis anos após o início do violento conflito no norte de Moçambique, as pessoas em Cabo Delgado ainda vivem com medo. Só em 2024, mais de 80 mil pessoas tiveram de fugir na sequência de ataques de grupos armados", refere a MSF, em comunicado.
"As famílias deslocadas necessitam urgentemente de alimentos, abrigo, bens de primeira necessidade e cuidados de saúde e de saúde mental", refere a organização.
O texto cita uma psicóloga da MSF, Esperança Chinhanga, no distrito de Macomia, que diz que "as pessoas deslocadas ficam muitas vezes altamente traumatizadas pela violência".
Algumas pessoas sentem ansiedade, têm ataques de pânico, pensamentos recorrentes, insónias e tendem a ter comportamentos de isolamento, afirmou Chinhanja.
"Alguns contam que perderam o sentido da vida e mencionam pensamentos suicidas", descreveu.
A MSF recorda que desde 2017, ano em que começaram os ataques armados na província de Cabo Delgado, famílias foram deslocadas diversas vezes.
"A maioria sofreu ou testemunhou violência extrema, incluindo assassinatos, violência sexual, sequestros, extorsão e viram as suas aldeias queimadas", acrescentou o comunicado.
Muitos tiveram ou viram a sua família e ou vizinhos serem assassinados, decapitados ou baleados. Algumas pessoas perderam toda a família, avançou a nota.
"A violência não diminuiu e as pessoas continuam a fugir repetidamente. Em janeiro de 2024, encontravam-se em Macomia cerca de 76.000 pessoas que tinham sido deslocadas nos últimos anos. Em fevereiro, cerca de 3.600 pessoas adicionais foram deslocadas na sequência de múltiplos ataques no distrito. As suas histórias são angustiantes", destaca-se.
Um total de 72 crianças estão desaparecidas, na sequência dos ataques terroristas das últimas semanas, no distrito de Chiùre, província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, divulgaram esta segunda-feira as autoridades locais.
"Na sequência da fuga da população em Chiùre para Eráti, temos um universo de 61 famílias que reclamaram das suas crianças, fez-se a reintegração de 29, restando cerca de 72", disse Albertina Ussene, diretora provincial do Género, Criança e Ação Social de Nampula, província onde se situa o distrito de Eráti, que acolhe os deslocados de Chiùre.
Após vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.
Dados oficiais do Governo indicam que a nova vaga de ataques das últimas semanas obrigou 67.321 pessoas a fugirem das suas terras de origem, incursões justificadas pelo executivo moçambicano como resultado da "movimentação de pequenos grupos de terroristas" que saíram das suas bases em direção ao sul de Cabo Delgado, após um período de relativa estabilidade.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês).
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