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Noiva de Khashoggi diz que o jornalista se sentia "seguro" na Turquia

Hatice Cengiz deu uma entrevista onde confessou que o saudita acreditava que qualquer situação de detenção ou interrogatório seria resolvida.

27 de outubro de 2018 às 01:06

A noiva do jornalista saudita assassinado no consultado do seu país em Istambul exige que "todos os responsáveis" pela "barbárie" sejam castigados. Em entrevista à emissora turca Haberturk, Hatice Cengiz confessou que Jamal Khashoggi não acreditava que fosse interrogado ou detido na Turquia, apesar de temer possíveis tensões quando fosse ao edifício diplomático."Peço que todos os responsáveis implicados nesta barbárie, desde o mais baixo ou mais alto nível, sejam castigados e presentes à justiça", disse Hatice, que recordou outros detalhes sobre o fatídico 2 de Outubro, dia em que Khashoggi foi ao consulado buscar um documento que lhe permitira casa com a jovem turca.Segundo o relato de Hatice, o jornalista saudita foi bem recebido na primeira visita ao consulado, a 28 de Setembro, o que o fez acalmar as dúvidas que tinha sobre possíveis problemas. "Sei que lhe pensava que alguma coisa de desagradável podia acontecer no consulado", explicou Cengiz, acrescentando que o facto de estar em Istambul descansava o jornalista. "A sua rede de contactos de trabalho na Turquia era muito boa, tal como a rede de contactos políticos", contou. "Ele pensava que a Turquia é um país seguro e que, caso fosse detido ou interrogado, a questão seria resolvida com facilidade".

"Comecei a tremer quando compreendi que alguma coisa de mal se tinha passado", contou a chorar, recordando o que sentiu com o passar do tempo:" de repente, apoderou-se de mim um medo imenso". Várias horas de espera depois, Hatice - que garante que não teve autorização para entrar com o noivo no edifício - diz que contactou o consulado mas que lhe garantiram que "já não estava ninguém no interior".

Foi assim que decidiu ligar para Yasin Aktay, conselheiro do presidente da Turquia, Recep Erdogan. Ainda que nada tenha referido sobre o tema nesse dia, Khashoggi já dissera à namorada que contactasse o amigo caso alguma coisa acontecesse. Foi Aktay que deu o alerta à polícia, dando início à investigação. "Nunca podia imaginar que tivesse acontecido algo assim", confessou durante a entrevista, onde também admitiu que recusou um convite do presidente Donald Trump para os EUA por considerar que tal foi feito com o intuito de influenciar positivamente a opinião pública.

Jamal Khashoggi, de 60 anos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no dia 2 de Outubro, para obter um documento para se casar com uma cidadã turca e nunca mais foi visto.

O jornalista saudita, que colaborava com o jornal The Washington Post, estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do poder em Riade.

No sábado, a Arábia Saudita admitiu que Jamal Khashoggi foi morto nas instalações do consulado saudita em Istambul, depois de, durante vários dias, as autoridades de Riade terem afirmado que saíra vivo do consulado.

O presidente turco, Tayyip Erdogan, pediu na sexta-feira à Arábia Saudita que revele quem ordenou o assassinato de Khashoggi, bem como a localização de corpo, aumentando a pressão internacional sobre o reino para o homicídio seja esclarecido. Erdogan apelou ainda ao julgamento, na Turquia, dos 18 suspeitos da morte do jornalista que se encontram detidos na Arábia Saudita – e que a casa de Saud prometeu seriam responsabilizados.

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