Manifestantes pelos direitos LGBT enchem as ruas das principais cidades espanholas. Um jovem foi morto durante uma saída à noite em Corunha num bárbaro ataque perpetrado por um grupo de sete pessoas.
Manifestantes pelos direitos LGBT enchem as ruas das principais cidades espanholas. Um jovem foi morto durante uma saída à noite em Corunha num bárbaro ataque perpetrado por um grupo de sete pessoas.
A revolta saiu à rua em Espanha. Um bárbaro ataque perpetrado por um grupo de pessoas, em Corunha, roubou a vida a um jovem de apenas 24 anos.
O crime remonta à madrugada de sábado (2 de julho). Samuel Luiz Muñiz, auxiliar de enfermagem, saía à noite após vários meses sem muitos contactos com a vida noturna, muito devido à responsabilidade do seu trabalho. O jovem, com origem brasileira, cuidava de idosos num lar em Padre Rubinos, Corunha.
A meio da noite, Samuel e Lina - uma das melhores amigas - decidiram sair do pub onde estavam com um grupo de amigos para conseguirem fumar um cigarro. Mas, em poucos minutos, a noite tornou-se num pesadelo difícil de esquecer.
Lina fez uma videochamada com Vanessa, uma das amigas que tinha ficado na discoteca, e Samuel acabou por entrar nessa conversa. Enquanto partilhavam algumas gargalhadas, trocando o telefone entre mãos, um casal passou e a animação de Lina, Samuel e Vanessa rapidamente se tornou num clima de tensão.
"Um rapaz gritou connosco, disse para pararmos de gravar", revelou Lina ao La Voz de Galicia. "Tentámos explicar que estávamos a fazer uma videochamada e a mostrar a uma amiga onde estávamos". Mas de nada valeu. "O rapaz era dos que queria confusão e era a nossa vez", afirmou.
Foi então que o agressor partiu em direção a Samuel e o ameaçou: "Ou paras de gravar ou mato-te. Maricas". Samuel reagiu e foi agredido de imediato com um soco violento na cara. O jovem de 24 anos caiu no chão onde continuou a ser golpeado.
Só a chegada de um jovem de origem africana impediu que logo ali a situação tomasse proporções trágicas. O agressor afastou-se.
Atacado até à morte
Surpreendido com tudo o que se tinha passado, Samuel pediu a Lina para voltar ao pub para ir buscar o seu telemóvel. Mas, quando a amiga de Samuel voltou à rua, o jovem tinha desaparecido.
Metros mais à frente, um grande aparato com várias pessoas a correr em direção à Plaza de Pontevedra denunciava o pior. "Ouvi alguém gritar: maricas de merda!", revelou Lina. Quando chegou ao local, Samuel estava inconsciente, deitado no chão. Os agressores tinham fugido.
As ambulâncias e a polícia demoraram cerca de 10 minutos a chegar. Todos os esforços foram feitos para trazer Samuel de volta à vida, mas já nada havia a fazer. As agressões e as lesões provocadas pelo ataque foram fatais.
Sete contra um
Pelo menos 13 pessoas foram localizadas e prestaram declarações às autoridades. No entanto, a polícia acredita que apenas sete estejam diretamente envolvidas nos ataques que resultaram na morte de Samuel.
Várias testemunhas afirmam que Samuel foi pontapeado e esmurrado enquanto era insultado: "seu maricas do c******".
A versão defendida pelos amigos de Samuel, de que tudo começou numa discussão fútil e acabou com a agressão selvagem, é comprovada pelas imagens recolhidas pelas câmaras de vigilância dos bares e estabelecimentos na zona do ataque.
A polícia mantém todas as hipóteses em aberto e o Governo sublinha que ainda é cedo para tratar este crime como um ataque homofóbico.
Pai de Samuel pede justiça
Devastado com a notícia da morte do filho, o pai de Samuel Luiz Muñiz dirigiu-se às famílias dos agressores: "Eu pergunto às famílias daqueles que mataram o meu filho como se sentiriam se estivessem no meu lugar".
Maxsoud Luiz pede que seja feita justiça, que todos os culpados sejam presos. O pai de Samuel acredita que o filho apenas queria travar a discussão.
Políticos e famosos reagem ao crime
O cantor espanhol Alejandro Sanz foi uma das primeiras figuras públicas a reagir ao crime. "O facto da orientação sexual do Samuel nos preocupar mais do que o instinto criminoso dos assassinos diz muito sobre o que somos", atirou no Twitter.
Que la orientación sexual de Samuel nos preocupe más que el instinto criminal de su o sus asesinos, dice mucho de lo jodido que estamos #justiciaparasamuel
— Alejandro Sanz (@AlejandroSanz) July 3, 2021
"Todo o amor para a família e entes queridos do Samuel nestes tempos difíceis. Devemos construir entre nós uma sociedade mais livre, na qual não deixemos espaço para o ódio", disse.
Todo el cariño para la familia y seres queridos de Samuel en estos momentos tan difíciles.
Mi más firme condena. Debemos construir entre todas y todos una sociedad más libre en la que no dejemos cabida al odio.
— Irene Montero (@IreneMontero) July 4, 2021
Espanha une-se contra a homofobia
Corunha, Madrid, Barcelona. Milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades em Espanha numa manifestação pelos direitos dos LGBT+.
Milhares enchem ruas de Espanha em protesto contra ataque homofóbico que matou jovem
Uma multidão encheu a praça central de Madrid e vários ativistas marcharam pelas ruas mais importantes de Barcelona com cânticos e bandeiras coloridas.
O partido de esquerda, Podemos, recorreu às redes sociais para dizer que a resposta à onda de ódio LGBT-fóbico que acabou com a vida do Samuel em Corunha é avassaladora.
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278 crimes de ódio em 2019
Durante o ano de 2019, em Espanha, foram denunciados 278 crimes de ódio relacionados com a orientação sexual ou identidade de género. Um aumento de 8,6% relativamente a 2018.
A Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia diz que apenas uma fração dos crimes de ódio são denunciados às autoridades.
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