A edição de hoje
Dezenas de activistas antigovernamentais que tentavam concentrar-se em Luanda e Benguela foram ontem dispersados, à bastonada. A violenta carga das forças policiais, que espancaram vários activistas, fez um número indeterminado de feridos e detidos.
"Tivemos de dispersar, porque logo que começámos a concentrar-nos, a polícia e civis que consideramos serem agentes à paisana começaram a bater e a prender", narrou um dos activistas, Adolfo Campos, adiantando que a carga policial causou vários feridos, entre os quais Luaty Beirão (conhecido rapper), que foi agredido na cabeça, além de um número indeterminado de detidos. Jornalistas da agência Lusa testemunharam que agentes da polícia à paisana com armas brancas controlaram todos os acessos à Praça da Independência, local do protesto.
Recorde-se que no ano passado ocorreram vários protestos em Luanda, o mais significativo dos quais em Setembro, quando foram detidos 21 manifestantes. Dezoito deles foram julgados e condenados a penas de prisão entre um mês e 90 dias, por ofensas corporais à Polícia e danos materiais. Porém, ontem foi a primeira vez que opositores ao regime alargaram os protestos a outras cidades, caso de Benguela, centro do país, onde houve várias detenções, incluindo Hugo Kalombo, jornalista da Rádio Despertar, afecta à UNITA.
Os protestos foram convocados pelo autodenominado Movimento Revolucionário Estudantil, que contesta a presidente da Comissão Nacional Eleitoral, Suzana Inglês, e exigem o afastamento do chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.
DOS SANTOS FALA DE "PROPAGANDAS MENTIROSAS"
lNa véspera das manifestações frustradas em Angola, o presidente José Eduardo dos Santos lançou um aviso aos opositores afirmando, no Dundo – capital da província da Lunda Norte – que muitos "querem desviar a atenção" dos angolanos para "problemas secundários". Dos Santos apelou aos cidadãos para estarem atentos à "propaganda mentirosa" e lamentou que muitos questionem os benefícios do dinheiro do petróleo, que permite desenvolver inúmeros projectos no país.
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