Protestos foram protagonizados por 4.500 radicais, 500 deles considerados "muito violentos".
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Centenas de milhares de pessoas vindas de toda a Catalunha participaram, esta sexta-feira, no centro de Barcelona numa grande manifestação convocada pelos sindicatos independentistas contra a condenação dos políticos envolvidos na tentativa separatista de 2017.
A concentração - que segundo a polícia juntou 525 mil pessoas - ocorreu no Passeio de Grácia, no centro de Barcelona, num dia de "greve geral" na Catalunha convocada por esses sindicatos, a que se juntaram seis "Marchas pela Liberdade" saídas na terça-feira de diferentes cidades da comunidade autónoma. O ambiente tranquilo em que decorreu acabou por ficar em segundo plano quando um outro protesto ganhou peso e contornos de violência que levaram a polícia a usar pela primeira vez o camião com canhões de água adquirido em 1994. Foram mais de cinco horas de confrontos muito violentos, possivelmente os piores desde dia 14.
Paralelamente a este protesto pacífico, uma manifestação de estudantes e elementos anti-sistema radicais entrou em confronto com as autoridades na Via Laietana, que passou automaticamente a ser o local de maior tensão do quinto dia de protestos na capital da região autónoma espanhola.
Inicialmente, o cenário desta sexta-feira, neste local, não foi muito distinto do que se tem vivido nos últimos dias: cargas policiais com recurso a gás lacrimógénio e balas de borracha, caixotes dos lixo queimados, barricadas e destruição de mobiliário urbano.
Com o avançar das horas e as intervenções policiais, os radicais acabaram por se espalhar por outros zonas da capital catalã, como a Praça Urquinaona, no centro de Barcelona, que ficou completamente irreconhecível. A violência dos momentos vividos levou, inclusivamente, os Mossos d'Esquadra a usarem pela primeira vez o camião com canhões de água adquirido em 1994. Só assim as autoridades conseguiram ir abrindo caminho para recuperar o controlo de grande parte da praça.
Segundo o La Vanguardia, os protestos envolveram cerca de 4.500 manifestantes, sendo que 500 são considerados elementos "muito violentos". As instalações policiais foram atacadas por grupos de jovens, que arremessam ovos e garrafas contra os edifícios. A imprensa espanhola avança que, esta sexta-feira, em toda a Catalunha, foram detidas 17 pessoas.
Os serviços de emergência atenderam pelo menos 77 pessoas, sendo que 52 dos feridos se registaram em Barcelona - 15 foram transportados para o hospital. Um agente da autoridade terá sido atingido com gravidade, ficando inconsciente, e teve de receber cuidados médicos. Há indicação que outro polícia foi ferido no mesmo incidente. O ministro do Interior em funções, Fernando Grande-Marlaska, anunciou que 207 polícias ficaram feridos deste o início dos distúrbios.
O El Mundo avançou também que duas equipas de jornalistas da TVE foram agredidos por radicais. O fotojornalista do El País Albert García foi detido por "agredir um agente". Porém, testemunhas ouvidas pela Cadena Ser, dizem que o profissional colidiu acidentalmente com um agente, tendo sido automaticamente detido por agressão.
De acordo com a imprensa espanhola, ao longo do dia, foram cortadas pelo menos 20 estradas, incluindo o acesso à fronteira com França por La Jonquera (Girona), e as autoridades também tiveram que resolver problemas em algumas estações de comboios. A greve reduziu o número de composições em serviço e tornou-se difícil escoar os manifestantes que decidiram regressar a casa.
Como forma de protesto, os Comités de Defesa da República (CDR), parte ativa na marcação dos protestos e atividades de desobediência civil, convocaram um acampamento para a Gran Via, sem data prevista de acabar. Dezenas de pessoas responderam à convocatória, montando as tendas no local. "Viemos para ficar e parar tudo. Revolta popular", disseram elementos independentistas dos, citados pelo La Vanguardia
Em Girona, avança o El Mundo, os CDR juntaram cerca de 6 mil pessoas, cujo objetivo era evitar que os detidos pelas desordens de quinta-feira entrassem na prisão. A meio da noite, surgiram os primeiros sinais de problemas: a polícia teve mesmo que disparar balas de borracha para acabar com os confrontos entre grupos separatistas e nacionalistas. Pelo menos nove pessoas acabaram detidas, nesta zona.
As manifestações de solidariedade com os independentistas também chegaram ao País Basco: em Bilbao, a Ertzaintza deteve seis jovens e identificou outra dezena, depois do grupo de manifestantes ter lançado petardos contra as autoridades e destruídos contentores do lixo. Os manifestantes cortaram uma das vias mais usadas para entrar e sair da capital da Biscaia.
Esta sexta-feira, foi anunciado que o Tribunal Central de Instrução da Audiência Nacional espanhola ordenou o encerramento das páginas na Internet do mopvimento Tsunami Democràtic, que vai ser investigado por um alegado crime de terrorismo. A decisão foi tomada pelo juiz Manuel García Castellón, o mesmo que ordenou a prisão de sete elementos radicais dos Comités de Defesa da República, acusados de preparar ataques com explosivos artesanais. O Tsunami Democràtic é um grupo visto como principal organizador das manifestações dos últimos dias.
Os movimentos de protesto começaram na segunda-feira, depois ser conhecida a sentença contra os principais políticos catalães responsáveis pela tentativa de independência em outubro de 2017. Os juízes decidiram condenar nove deles a penas até 13 anos de prisão por delitos de sedição e peculato.
O ex-vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, foi condenado, por unanimidade, a 13 anos de cadeia por delito de sedição e má gestão de fundos públicos. Foram condenados a 12 anos de cadeia os ex-conselheiros da Jordi Turull (ex-conselheiro da Presidência), Raul Romeva (ex-conselheiro do Trabalho) e Dolors Bassa (ex-conselheira para as Relações Exteriores) por delitos de sedição e má gestão. O antigo titular do cargo de conselheiro do Interior, Joaquim Forn e Josep Rull (Território) foram condenados a 10 anos de cadeia. Jordi Cuixart, responsável pela instituição Òmnium Cultural, foi condenado a nove anos de prisão por sedição.
Os factos reportam-se a 2017 sendo que os magistrados entendem que os acontecimentos de setembro e outubro do mesmo ano constituíram crime de sedição visto que os condenados mobilizaram os cidadãos num "levantamento público e tumultuoso" para impedir a aplicação direta das leis e obstruir o comprimento das decisões judiciais.
"Os acontecimentos do dia 1 de outubro" (2017)" não foram apenas uma manifestação ou um protesto. Foi um levantamento tumultuoso provocado pelos acusados", referem os juízes do Supremo espanhol.
A Catalunha é a região mais rica de Espanha e desde 2015 que o parlamento regional tem uma maioria de deputados independentistas que defendem a separação da região de Espanha.
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