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Relatório conclui que Kremlin desenvolveu redes de desinformação e interferência para eleições na Moldávia

Propaganda apoiada pelo Kremlin é amplificada através de meios de comunicação e redes sociais.

29 de setembro de 2025 às 13:18

Um relatório da plataforma europeia EUvsDisinfo conclui que as eleições na Moldávia ficaram marcadas por "uma onda sem precedentes" de desinformação, manipulação e interferência estrangeira, levada a cabo pelo Kremlin.

"A Moldávia enfrenta uma onda sem precedentes de ameaças híbridas e de FIMI [Integridade da Informação e Luta contra a Manipulação e Interferência de Informação Estrangeira]", começa por ler-se na informação divulgada.

De acordo com a plataforma europeia, a propaganda apoiada pelo Kremlin é amplificada através de meios de comunicação e redes sociais, associadas à rede de desinformação russa Matryoshka.

"A rede Matryoshka distribui conteúdo falso para corroer o apoio à Presidente Maia Sandu e inviabilizar o caminho da Moldávia em direção à integração na UE [União Europeia]", refere o documento.

A Matryoshka é uma rede de 'bots' (contas automatizadas), coordenada pelas autoridades do Kremlin e responsável por gerar conteúdo com Inteligência Artificial (IA) dedicado às eleições da Moldávia.

Desta forma, as narrativas implantadas 'online' procuram explorar e amplificar os temores da guerra, alegações sobre a possível adesão à UE que irá corroer a identidade nacional do país, falsos relatos sobre um aparente colapso económico, bem como ataques pessoais à Presidente Maia Sandu.

"A mensagem tem como alvo cidadãos mais velhos, de língua russa, que são mais vulneráveis a narrativas nostálgicas sobre a ilusão de estabilidade da era soviética e sentimento antiocidental", referem os investigadores.

Na sexta-feira, também a Comissão Europeia considerou que a Moldávia estava perante uma "campanha de desinformação sem paralelo".

Em 15 de setembro, o Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO) alertou para a utilização da UE como arma de desinformação durante a campanha na Moldávia, através de narrativas falsas partilhadas nas redes sociais com IA.

O observatório identificou mais de 100 contas na rede social TikTok que publicaram 6.000 conteúdos nos últimos dois meses, sendo que destes conteúdos 33% (cerca de 2.000) continham desinformação ou conteúdo inflamatório.

Uma das narrativas mais disseminadas pela rede de desinformação, passa por afirmar que os países da UE estavam a manipular as eleições na Moldávia, enquanto outros conteúdos pretendiam desinformar sobre a comunidade LGBT.

As eleições na Moldávia decorreram no domingo, tendo o partido pró-europeu PAS, da Presidente Maia Sandu, vencido as eleições legislativas com mais de 50% dos votos, pelo que deverá manter a maioria absoluta no Parlamento.

O Partido Ação e Verdade (PAS), no poder desde 2021, obteve 50,03% dos votos, à frente do Bloco Patriótico pró-Rússia, com 24,26% dos votos escrutinados, de acordo com os resultados publicados pela Comissão Eleitoral Central no seu portal na internet.

A EUvsDisinfo é composta por uma equipa de especialistas em desinformação e faz parte do serviço diplomático da UE.

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