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Seguidores de Bolsonaro que atacaram Brasília há um ano planearam enforcar juiz do Supremo

Revelação feita pelo próprio magistrado.

04 de janeiro de 2024 às 16:52

Os seguidores radicais do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro que a 8 de Janeiro de 2023 desencadearam uma série de ataques brutais contra sedes de órgãos de poder em Brasília para tentarem forçar uma intervenção militar planeavam enforcar em praça pública o juiz Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, TSE, e relator no Supremo Tribunal Federal (STF) de várias ações contra o antigo governante. A revelação foi feita pelo próprio magistrado em entrevista publicada esta quinta-feira pelo jornal O Globo

"Os golpistas tinham três planos. Um deles, o dos mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu devia ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes (em Brasília, onde se localizam o Supremo Tribunal Federal, o Congresso e o Palácio do Planalto, sede da presidência da República). Isso mostra o grau de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição. Houve uma tentativa de planeamento (do enforcamento em praça pública) e há outro inquérito que investiga isso, inclusive com a participação da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência, a "secreta" do Brasil, que Bolsonaro comandava de perto), que monitorizava os meus passos para quando houvesse a necessidade da minha prisão", pormenorizou o magistrado durante a entrevista, revelando partes da investigação até agora não conhecidos.

Moraes tornou-se o inimigo número 1 de Jair Bolsonaro ao impedir entre 2019 e 2022 que o então presidente do Brasil governasse de forma autocrática e tomasse decisões ditadoriais que violavam a Constituição, e passou a ser alvo de ataques verbais violentos do então governante, que lhe chamou publicamente "canalha" e "vagabundo", e nas redes sociais era alvo diário das hostes bolsonaristas. Mas não se sabia ainda que os planos dos radicais que atacaram Brasília incluiam matar o magistrado, que revelou na entrevista que, além do enforcamento, uma das três hipóteses previstas, uma das outras duas também previa a sua morte.

"O primeiro plano previa que as forças especiais do Exército me prenderiam num domingo e me levariam para algum local em Goiânia (capital do estado de Goiás, próximo de Brasília, onde se concentram quartéis de forças militares de elite e tradicionalmente de direita). No segundo, livrar-se-iam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio", complementou o magistrado.

Também relator no STF dos processos sobre os ataques de 8 de Janeiro, que pretendiam que uma ação militar devolvesse o poder a Bolsonaro, derrotado por Lula nas presidenciais de 2022, Alexandre de Moraes tornou arguidos mais de 1300 extremistas presos no dia dos ataques e nas semanas seguintes, e já condenou 30 deles a penas até 17 anos de prisão. Em junho passado, dessa feita na qualidade de presidente da justiça eleitoral, Moraes comandou o julgamento que tornou Jair Bolsonaro inelegível até 2030, frustando o projeto deste de se candidatar novamente à presidência em 2026.

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