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Shein doa 14 milhões de euros ao mercado de roupa em 2ª mão do Gana para investir na educação das mulheres

Condições de trabalho dos resíduos têxteis são deploráveis e chegam a causar mortes.

08 de junho de 2022 às 19:01

A marca de roupa chinesa Shein foi aplaudida esta semana na Global Fashion Summit, uma conferência internacional de moda sustentável, em Copenhaga. O motivo da empresa ter gerado esta reação positiva surge na sequência das doações de 14 milhões de euros aos trabalhadores de resíduos têxteis do Gana, afirma o The Guardian

A gigante da moda doou esta quantia ao longo de três anos a uma instituição de caridade que atua no mercado de Kantamanto, em Accra. De acordo com o jornal britânico, este é o maior mercado de roupas em segunda mão do mundo e o dinheiro servirá para investir na educação das mulheres, ajudar as empresas a reciclar o lixo e melhorar as condições de trabalho. Segundo o Sourcing Journal, a Shein tem mais de 45 milhões de euros reservados para aplicar nesta problemática nos próximos cinco anos.

Liz Ricketts, a diretora da Or Foundation, uma organização sem fins lucrativos que está em contacto com esta realidade, anunciou o investimento da Shein em lágrimas, alertando para as condições precárias dos trabalhadores. Refere que são migrantes do norte do Gana, na sua maioria mulheres e crianças, que chegam a carregar fardos de roupa com 55 quilos. Além disso, queixa-se da remuneração a que estas pessoas estão sujeitas, de menos de 1 euro por viagem, e que já resultou em fatalidades. “Alguns carregam os seus bebés nas costas. Às vezes eles caem para trás por causa do peso dos fardos, e os seus filhos acabam por morrer [debaixo deles].” Ricketts sublinha ainda que chegam ao Gana 15 milhões de peças de roupa em segunda mão, todas as semanas.

Depois das várias polémicas a que Shein já esteve associada relativamente à sustentabilidade, seria natural que existisse quem ficasse "de pé atrás" com o gesto. Um dos partipantes da convenção, que preferiu manter o anonimato, referiu que a doação constituía uma tática de “greenwaching”, ou seja, apropriação de causas ambientais para a empresa melhorar a sua imagem pública.

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