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Supremo do Brasil liberta ex-ajudante-de-ordens de Bolsonaro após acordo de colaboração com a justiça

Mauro Cid é acusado de ter falsificado boletins de vacinas contra a Covid-19 para si e para Jair Bolsonaro.

09 de setembro de 2023 às 16:53

O Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF) concedeu este sábado a liberdade condicional ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordens de Jair Bolsonaro, que estava preso desde o passado dia 3 de Maio, acusado de crimes comuns e contra a Democracia nos quais supostamente também está envolvido o antigo presidente. A ordem de soltura foi assinada pelo juiz Alexandre de Moraes, que comanda diversas ações contra Jair Bolsonaro no STF e que também preside ao Tribunal Superior Eleitoral, TSE, que em junho condenou o ex-presidente à inelegibilidade.

O benefício ao ex-homem-forte de Bolsonaro ocorreu após o oficial militar fazer uma delacção premiada, como se chama no Brasil a um acordo de colaboração com a justiça no âmbito das investigações dos crimes de que é acusado. Num acordo de delação premiada, o arguido, além de confessar a sua participação nos crimes, tem igualmente de indicar a participação de outras pessoas que possam ter sido cúmplices ou mandantes nessas ações criminosas, e fornecer à polícia e à justiça provas concretas sobre esses actos, ou indicar onde elas poderão ser conseguidas.

Mauro Cid é acusado de ter falsificado boletins de vacinas contra a Covid-19 para si e para Jair Bolsonaro, para que este pudesse viajar para os EUA e outros países em que esse imunizante era exigido na época da pandemia, de ter participado na elaboração de um decreto presidencial de exceção pelo qual supostamente o antigo chefe de Estado pretendia manter-se no poder como ditador depois de ter perdido as presidenciais do ano passado para Lula da Silva e, no caso mais rumoroso, de ter sido ele a vender nos EUA presentes de altíssimo valor dados ao Brasil por governos estrangeiros e de ter entregue os valores decorrentes dessas vendas ilícitas ao antigo governante, sempre em dinheiro vivo para não deixar rastos. A apreensão dos telemóveis de Cid pela Polícia Federal no dia da prisão do militar permitiu aos investigadores acesso a informações verdadeiramente bombásticas sobre todos esses crimes e outros de que nem se suspeitavam.

O militar manteve-se durante meses em absoluto silêncio, recusando até em alguns depoimentos a dizer a idade, por lealdade a Bolsonaro, mas um gesto do ex-presidente fez o oficial mudar de ideia e decidir falar. Em Agosto, encurralado pelo avanço das investigações da Polícia Federal e pelo avolumar de indícios contra si, Jair Bolsonaro tentou esquivar-se e insinuou que, se algo de errado realmente foi feito, então o responsável devia ter sido o seu antigo ajudante-de-ordens, pois, acrescentou, tinha muita autonomia no cargo.

Cid, claro, não gostou, sentiu-se traído e decidiu que não iria pagar sozinho por todos os crimes de que o acusam. Os termos da colaboração do tenente-coronel com a justiça foram mantidos até agora no mais absoluto segredo, mas fontes da Polícia Federal avançaram sobre anonimato que a confissão do oficial atinge em cheio Jair Bolsonaro.

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