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Tanques nas ruas em dia de votação crucial no Brasil

Jair Bolsonaro acusado de tentar intimidar o Congresso horas antes de votação sobre o regresso do voto em papel.

11 de agosto de 2021 às 08:55

Inconformado com a provável derrota no Congresso da sua proposta para reinstaurar o voto em papel no Brasil, que a maioria dos partidos se preparava para rejeitar, Jair Bolsonaro enviou esta terça-feira tanques e militares para as ruas de Brasília, num desfile militar improvisado à última da hora que foi interpretado como uma tentativa de intimidar os deputados e que foi repudiado por todos os setores políticos.

A pretexto de irem entregar a Bolsonaro um convite para assistir a exercícios militares marcados para a próxima semana, as Forças Armadas enviaram para as ruas da capital brasileira blindados, tanques, lançadores de mísseis e camiões carregados com soldados fortemente armados, que desfilaram em frente ao Palácio Presidencial, ao Supremo Tribunal e ao Congresso. Talvez devido à vaga de repúdio e indignação pública que o ato gerou quando foi anunciado, na véspera, em vez dos 150 veículos de guerra inicialmente previstos, desfilaram apenas 46, e a ocupação simbólica de Brasília por um dia, na verdade, durou pouco mais de dez minutos.

Jair Bolsonaro assistiu ao desfile acompanhado apenas por ministros e comandantes das Forças Armadas. Os presidentes do Supremo Tribunal, Tribunal Eleitoral, Tribunal de Contas e Tribunal do Trabalho, convidados, não apareceram, nem aliados de Bolsonaro como os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.

Deputados e senadores condenaram o desfile, considerado um ato de intimidação à Justiça e ao Congresso, e uma espécie de teste para o golpe de Estado já diversas vezes ameaçado por Bolsonaro. Em resposta, líderes de 16 dos 24 partidos do Congresso afirmaram que os seus deputados iriam rejeitar, na noite desta terça-feira, a proposta para o regresso dos boletins de voto em papel, para mostrarem que o Parlamento não se curva perante atitudes autoritárias.

Supremo recusou proibir

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, negou todos os pedidos de partidos e outras entidades para proibir o desfile militar convocado por Bolsonaro, alegando não poder interferir num assunto estritamente militar.

O desfile ocorreu um dia depois de o Tribunal Superior Eleitoral apresentar ao Supremo Tribunal Federal mais uma queixa-crime contra o presidente, desta feita, por revelar publicamente o conteúdo de um inquérito sobre a fiabilidade das urnas eletrónicas usadas em eleições.

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