Exibição de força, mantida em segredo até final desta segunda-feira, vai ocorrer horas antes da votação final na Câmara dos Deputados.
Num gesto considerado quase unanimemente como uma forma de intimidação ao Congresso e aos tribunais superiores, que tentam limitar o crescente autoritarismo do presidente, Jair Bolsonaro ordenou às Forças Armadas que mandem esta terça-feira para as ruas de Brasília um grande aparato de guerra, que inclui blindados e tanques militares, lançadores de mísseis e outros equipamentos bélicos.
A exibição de força, mantida em segredo até final desta segunda-feira, vai ocorrer horas antes da votação final na Câmara dos Deputados de um projeto defendido pelo presidente que exige que as presidenciais de 2022 sejam feitas em cédulas de papel, abolidas há muito no Brasil, e que tudo indica será rejeitado.
A estranha marcha militar vai colocar nas ruas do centro do poder ao menos 150 blindados e tanques de guerra, baterias anti-aéreas, lançadores de mísseis e de foguetes e cerca de 2500 militares da Marinha, Força Aérea e Exército fortemente armados. Depois de percorrerem as avenidas da chamada Esplanada dos Ministérios, onde se concentram os principais ministérios, as forças militares vão ocupar a Praça dos Três Poderes, exatamente onde ficam a presidência da República, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso.
Esta segunda-feira, quando a inesperada e totalmente despropositada concentração de tropas em Brasília foi conhecida, o país inteiro entrou em expectativa e efervescência, pois Jair Bolsonaro tem repetido ameaças de dar um golpe de Estado se o Congresso e as instâncias superiores da Justiça continuarem a anular ou limitar decretos seus considerados inconstitucionais e autoritários.
No final da noite, ante o temor geral, a Marinha, que vai comandar o efetivo militar, emitiu um comunicado afirmando que a mobilização de tropas e meios bélicos é apenas uma homenagem ao presidente da República e uma forma, chamada de "simbólica" no documento, de entregar a Jair Bolsonaro um convite para acompanhar exercícios militares que se realizam na semana que vem no estado vizinho a Brasília, Goiás.
Os exercícios em questão realmente estão marcados para se iniciarem dia 16 na região da cidade de Formosa, no estado de Goiás, e acontecem anualmente desde 1988, normalmente apenas com a Marinha mas este ano em conjunto também com Exército e Força Aérea. Mas em nenhum dos 32
Anos anteriores as tropas se concentraram, ou ao menos passaram, em Brasília, que fica a mais de 80 km de Formosa e fora do percurso normal.
No Congresso, até aliados fiéis de Jair Bolsonaro criticaram a inusitada parada militar, avaliada por todos os partidos como uma prova de força de Bolsonaro num dia em que ele, se tudo correr como previsto, sofrerá uma pesada derrota no parlamento.
A volta das cédulas de papel às eleições brasileiras já foi rejeitada na semana passada por 23 votos contra 11 na comissão especial de análise, e espera-se que essa rejeição seja confirmada esta terça-feira na nova votação, desta feita no plenário do parlamento, que tem 513 deputados.
Mas, apesar dessa forte rejeição ao projeto, principal foco de tensão nas últimas semanas no Brasil, Jair Bolsonaro continua a insistir nele. E, ignorando a vontade da maioria, continua a ameaçar que sem voto impresso, que possa ser contado à mão um a um como ele quer, não permitirá a realização das presidenciais do ano que vem, nas quais é candidato à reeleição mas cujas sondagens são lideradas com larga vantagem pelo ex-presidente Lula da Silva.
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