Propostas foram aprovadas de forma "quase unânime ou unânime em muitos casos".
A Câmara de Lisboa aprovou, esta segunda-feira, propostas da liderança PSD/CDS-PP, do PS e do PCP quanto a medidas em resposta ao acidente com o elevador da Glória, desde o apoio às vítimas à criação de um portal da transparência.
As propostas foram aprovadas de forma "quase unânime ou unânime em muitos casos" na reunião extraordinária da câmara, indicou o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), referindo que houve um esforço de consensualização dos três documentos num único, mas não foi possível, tendo o executivo votado cada um deles.
O elevador da Glória, sob gestão da Carris, descarrilou na quarta-feira à tarde, num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, Anacoreta Correia destacou a homenagem a todos os envolvidos no acidente, em particular o guarda-freio, que foi "um verdadeiro herói, que morreu em serviço", e as medidas de apoio às vítimas.
"Do ponto de vista da informação, uma vontade muito grande em disponibilizar toda a informação", indicou o vice-presidente, destacando a criação de um portal da transparência, que fique ao dispor de todas as pessoas.
"Ninguém está a lidar com isto à defesa ou com preocupação de ser posto em causa. Nós queremos que toda a informação seja do conhecimento público, independentemente das consequências", indicou, referindo que "da parte da administração da Carris há uma vontade muito grande de esclarecer cabalmente esta tragédia, este acontecimento que não podia ter acontecido".
Anacoreta Correia disse ainda que a segurança está no topo das preocupações: "Em todas as decisões que tivemos, a segurança foi sempre absolutamente decisiva e no futuro será seguramente também a segurança que se imporá a qualquer outro tipo de critérios, portanto não haverá qualquer tipo de limites nem ideológicos nem financeiros para que seja de novo reposta a confiança no transporte coletivo de passageiros da Carris na cidade de Lisboa".
Do PS, Pedro Anastácio congratulou-se com a aprovação da proposta da vereação socialista de "apoio às vítimas, esclarecimento cabal e restituição da confiança no futuro da cidade", lamentando que a ideia de voltar a ouvir o presidente da Carris tenha sido aprovada com os votos contra da liderança PSD/CDS-PP.
A proposta do PS inclui a criação de um memorial na Calçada da Glória e de um Gabinete Municipal de Apoio às Vítimas e um Fundo Municipal de Apoio às Vítimas, assim como um painel público de acompanhamento no portal da Câmara de Lisboa e uma comissão externa de auditoria, que inclua, obrigatoriamente, as universidades.
O socialista acusou ainda o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), de "tentar se esconder num dos momentos mais negros da história da cidade", ao não prestar declarações aos jornalistas, remetendo para o vice-presidente.
O vereador do PCP João Ferreira enalteceu a aprovação integral da sua proposta e por unanimidade, realçando o apoio às vítimas e seus familiares e a criação de uma comissão de avaliação para o início da internalização dos serviços de manutenção por parte da Carris.
Valorizando a aprovação das medidas, o comunista avisou que "as coisas não podem ficar no papel como tantas vezes acontece".
João Ferreira disse que é preciso criar condições para que, "o mais rapidamente possível", se possa devolver à cidade a segurança e a tranquilidade na utilização destes equipamentos, referindo que há agora uma fase para ouvir os representantes dos trabalhadores da Carris, no sentido de ver em que momentos houve reporte de preocupações e denúncias relativamente às condições de segurança de funcionamento dos equipamentos e ver que medidas foram tomadas nesse âmbito.
"O caderno de encargos que sai da reunião desta segunda-feira é algo que é para fazer desde já, mas não é algo que seja para fazer em três ou quatro semanas, e não é de todo indiferente para a forma como aquilo vai ser feito qual vai ser o resultado das eleições [autárquicas de 12 de outubro]", declarou o eleito do PCP e também cabeça de lista pela CDU (PCP/PEV) à Câmara de Lisboa.
O comunista afirmou que "há uma avaliação a fazer sobre aquilo que cada um entende na cidade que é necessário que mude para que aquilo que aconteceu e que não devia ter acontecido não se volte a repetir".
Do BE, Ricardo Moreira criticou a proposta de PSD/CDS-PP, uma vez que a instalação de sensores para monitorização preditiva em elevadores e funiculares, para detetar vibrações, cargas e desgaste em tempo real, com sistema de alertas automáticos para anomalias, fica dependente de financiamento europeu.
Considerando que a câmara tem meios para adquirir esses sensores, o bloquista voltou a acusar o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), de "fugir" a esclarecimentos e afirmou que "há coisas que não se explicam, nomeadamente a presença do seu diretor de campanha [António Valle], que não é funcionário da Câmara Municipal de Lisboa, no perímetro de segurança da tragédia do elevador da Glória".
"Isso é absolutamente inexplicável. É de alguém que gere a Câmara Municipal como uma agência de comunicação e não como uma câmara, e isso deve-nos fazer refletir sobre estes quatro anos em que tudo foi propaganda e poucas foram as soluções em Lisboa", expôs o responsável do BE.
Dos Cidadãos por Lisboa (CPL, eleitos pela coligação PS/Livre), Floresbela Pinto reforçou a necessidade de apuramento das responsabilidades do acidente e, "o mais breve possível", ter conclusões e "corrigir o que precisa de ser corrigido para que esta tragédia não volte a acontecer na cidade de Lisboa".
Os CPL abstiveram-se na proposta da liderança PSD/CDS-PP por considerarem que o documento "suaviza e não coloca um pensamento crítico relativamente àquilo que aconteceu e tenta, no fundo, suavizar a responsabilidade do município", lembrando que se trata de um equipamento municipal em que a câmara tem a capacidade e o dever de fiscalizar.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.