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Câmara de Lisboa aprova apoios e portal da transparência em resposta ao acidente no Elevador da Glória

Propostas foram aprovadas de forma "quase unânime ou unânime em muitos casos".

08 de setembro de 2025 às 17:34

A Câmara de Lisboa aprovou, esta segunda-feira, propostas da liderança PSD/CDS-PP, do PS e do PCP quanto a medidas em resposta ao acidente com o elevador da Glória, desde o apoio às vítimas à criação de um portal da transparência.

As propostas foram aprovadas de forma "quase unânime ou unânime em muitos casos" na reunião extraordinária da câmara, indicou o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), referindo que houve um esforço de consensualização dos três documentos num único, mas não foi possível, tendo o executivo votado cada um deles.

O elevador da Glória, sob gestão da Carris, descarrilou na quarta-feira à tarde, num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.

Em declarações aos jornalistas no final da reunião, Anacoreta Correia destacou a homenagem a todos os envolvidos no acidente, em particular o guarda-freio, que foi "um verdadeiro herói, que morreu em serviço", e as medidas de apoio às vítimas.

"Do ponto de vista da informação, uma vontade muito grande em disponibilizar toda a informação", indicou o vice-presidente, destacando a criação de um portal da transparência, que fique ao dispor de todas as pessoas.

"Ninguém está a lidar com isto à defesa ou com preocupação de ser posto em causa. Nós queremos que toda a informação seja do conhecimento público, independentemente das consequências", indicou, referindo que "da parte da administração da Carris há uma vontade muito grande de esclarecer cabalmente esta tragédia, este acontecimento que não podia ter acontecido".

Anacoreta Correia disse ainda que a segurança está no topo das preocupações: "Em todas as decisões que tivemos, a segurança foi sempre absolutamente decisiva e no futuro será seguramente também a segurança que se imporá a qualquer outro tipo de critérios, portanto não haverá qualquer tipo de limites nem ideológicos nem financeiros para que seja de novo reposta a confiança no transporte coletivo de passageiros da Carris na cidade de Lisboa".

Do PS, Pedro Anastácio congratulou-se com a aprovação da proposta da vereação socialista de "apoio às vítimas, esclarecimento cabal e restituição da confiança no futuro da cidade", lamentando que a ideia de voltar a ouvir o presidente da Carris tenha sido aprovada com os votos contra da liderança PSD/CDS-PP.

A proposta do PS inclui a criação de um memorial na Calçada da Glória e de um Gabinete Municipal de Apoio às Vítimas e um Fundo Municipal de Apoio às Vítimas, assim como um painel público de acompanhamento no portal da Câmara de Lisboa e uma comissão externa de auditoria, que inclua, obrigatoriamente, as universidades.

O socialista acusou ainda o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), de "tentar se esconder num dos momentos mais negros da história da cidade", ao não prestar declarações aos jornalistas, remetendo para o vice-presidente.

O vereador do PCP João Ferreira enalteceu a aprovação integral da sua proposta e por unanimidade, realçando o apoio às vítimas e seus familiares e a criação de uma comissão de avaliação para o início da internalização dos serviços de manutenção por parte da Carris.

Valorizando a aprovação das medidas, o comunista avisou que "as coisas não podem ficar no papel como tantas vezes acontece".

João Ferreira disse que é preciso criar condições para que, "o mais rapidamente possível", se possa devolver à cidade a segurança e a tranquilidade na utilização destes equipamentos, referindo que há agora uma fase para ouvir os representantes dos trabalhadores da Carris, no sentido de ver em que momentos houve reporte de preocupações e denúncias relativamente às condições de segurança de funcionamento dos equipamentos e ver que medidas foram tomadas nesse âmbito.

"O caderno de encargos que sai da reunião desta segunda-feira é algo que é para fazer desde já, mas não é algo que seja para fazer em três ou quatro semanas, e não é de todo indiferente para a forma como aquilo vai ser feito qual vai ser o resultado das eleições [autárquicas de 12 de outubro]", declarou o eleito do PCP e também cabeça de lista pela CDU (PCP/PEV) à Câmara de Lisboa.

O comunista afirmou que "há uma avaliação a fazer sobre aquilo que cada um entende na cidade que é necessário que mude para que aquilo que aconteceu e que não devia ter acontecido não se volte a repetir".

Do BE, Ricardo Moreira criticou a proposta de PSD/CDS-PP, uma vez que a instalação de sensores para monitorização preditiva em elevadores e funiculares, para detetar vibrações, cargas e desgaste em tempo real, com sistema de alertas automáticos para anomalias, fica dependente de financiamento europeu.

Considerando que a câmara tem meios para adquirir esses sensores, o bloquista voltou a acusar o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), de "fugir" a esclarecimentos e afirmou que "há coisas que não se explicam, nomeadamente a presença do seu diretor de campanha [António Valle], que não é funcionário da Câmara Municipal de Lisboa, no perímetro de segurança da tragédia do elevador da Glória".

"Isso é absolutamente inexplicável. É de alguém que gere a Câmara Municipal como uma agência de comunicação e não como uma câmara, e isso deve-nos fazer refletir sobre estes quatro anos em que tudo foi propaganda e poucas foram as soluções em Lisboa", expôs o responsável do BE.

Dos Cidadãos por Lisboa (CPL, eleitos pela coligação PS/Livre), Floresbela Pinto reforçou a necessidade de apuramento das responsabilidades do acidente e, "o mais breve possível", ter conclusões e "corrigir o que precisa de ser corrigido para que esta tragédia não volte a acontecer na cidade de Lisboa".

Os CPL abstiveram-se na proposta da liderança PSD/CDS-PP por considerarem que o documento "suaviza e não coloca um pensamento crítico relativamente àquilo que aconteceu e tenta, no fundo, suavizar a responsabilidade do município", lembrando que se trata de um equipamento municipal em que a câmara tem a capacidade e o dever de fiscalizar.

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