Produção de petróleo venezuelano era de 1.084.000 barris diários em julho, segundo a OPEP.
A organização não governamental Transparência Venezuela (TVEN) alertou este sábado que documentou alegadas manobras ilegais na comercialização de petróleo venezuelano e denunciou a falta de transparência na gestão de um dos principais recursos económicos do país.
"Em julho, mês em que a petrolífera norte-americana Chevron não tinha licença para operar em território venezuelano, a TVEN documentou manobras opacas de comercialização do petróleo venezuelano, um recurso público sobre o qual se desconhece o volume das vendas, as receitas e como esses recursos estão a ser utilizados" denuncia em um relatório publicado na Internet.
No documento a TVEN explica que em julho pelo menos 92 petroleiros aproximaram-se de oito portos petrolíferos venezuelanos, com maior concentração em Amuay, Punta Cardón e no complexo petroquímico de José.
"Mas o número real pode ser significativamente maior: a prática sistemática de desligar os sistemas de rastreamento por parte de muitas tripulações, impede o registo preciso do fluxo de navios nas águas territoriais da Venezuela", sublinha.
Segundo a TVEN dos barcos detetados, 24 - não exibiram os seus identificadores IMO, número único atribuído pela Organização Marítima Internacional a cada embarcação, nas proximidades dos portos venezuelanos, somando mais de um quarto dos petroleiros que chegaram às águas territoriais do país para carregar petróleo, gás e produtos derivados da indústria nacional.
"Outros 68 barcos foram identificados (74%), embora em muitas ocasiões tenham desligado os seus sinais AIS, o sistema de monitorização regulamentar estabelecido pelas autoridades internacionais de regulação do tráfego marítimo", explica.
Por outro lado, grande parte dos barcos avistados (80%) operam sob bandeiras de conveniência de paraísos regulatórios, como Panamá (23 barcos), Ilhas Comores (7), Guiné (4), Ilhas Marshall (3) ou Libéria (3) dos quais pelo menos 12 estão classificados como "furtivos" por empresas especializadas em risco, da indústria naval mundial.
"A situação agrava-se com a presença recorrente de barcos sancionados pelo Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC, dos EUA), como o Rosalin, que arvoram pavilhão de São Tomé e Príncipe, e o María Cristina, de Cuba. Foi até detetada uma embarcação ligada à chamada 'frota obscura' russa, o Bandra ou Sensus, que navega com dupla identidade sob o registo IMO 9296585", precisa.
Os dados "apontam também para um padrão de exportação para a China, Cuba, Países Baixos e Rússia. Além disso, em julho, foram confirmados pelo menos cinco transbordos de carga (ship-to-ship ou STS) nas proximidades do terminal de Amuay, na península de Paraguaná, estado de Falcón, com a presença simultânea de 24 embarcações não detetadas pelo AIS".
"Desligar os sinais AIS e manipular os dados reais de localização e identidade dos navios faz parte de uma prática ilegal conhecida internacionalmente como 'spoofing' (...) as descobertas evidenciam um risco permanente de desvio de recursos públicos, uma vez que as operações requerem intermediários dispostos a infringir as normas, que podem ocultar e falsificar informações não só aos que os sancionam, mas também à própria empresa Petróleos de Venezuela S.A. (Pdvsa)", explica.
"Foi o que aconteceu entre 2019 e 2023, anos em que a petrolífera perdeu o rasto dos seus intermediários, acumulou contas por cobrar que rondavam os 16.960 milhões de dólares e ainda hoje não se sabe quanto desse dinheiro foi perdido ou recuperado", lê-se no relatório.
Segundo a TVEN a atividade petrolífera é vital para a economia venezuelana por ser a principal fonte de divisas (moeda estrangeira) e de receitas fiscais "mas está sob o monopólio de um regime que transformou a estrutura administrativa, gerando grandes oportunidades de corrupção com impunidade".
Ainda segundo a TVEN entre janeiro e julho de 2025, o bolívar, a moeda venezuelana, desvalorizou 57,25% com relação ao dólar norte-americano. A inflação acumulada no país foi de 229% em maio e a contração económica projetada para de 4% para 2025, segundo fontes independentes.
A produção de petróleo venezuelano era de 1.084.000 barris diários em julho, segundo a OPEP.
Ainda segundo a TVEN os preços internacionais do petróleo venezuelano sem sanções dos EUA rondavam os 58,14 dólares por barril e com sanções de quase 32 dólares por barril.
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