Presidente da Comissão Europeia diz que este também será o momento de saber que "tipo de futuro desejam".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, instou esta quarta-feira ao voto nas eleições europeias, a menos de um ano, para se decidir "o tipo de Europa" que se quer, garantindo ter cumprido 90% das suas promessas.
"Dentro de pouco menos de 300 dias, os europeus irão às urnas na nossa democracia única e notável. Como em qualquer eleição, será um momento para as pessoas refletirem sobre o estado da nossa União e o trabalho realizado por aqueles que as representam, mas será também um momento para decidirem que tipo de futuro e que tipo de Europa desejam", declarou Ursula von der Leyen, no seu discurso sobre o Estado da União em 2023, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.
Discursando pela quarta vez desde que assumiu funções, a última neste mandato, a líder do executivo comunitário apelou ao voto dos mais novos, que votam pela primeira vez, notando que entre os eleitores das europeias de junho de 2024 estarão "os mais jovens, que nasceram em 2008, o ano da crise financeira".
Bruxelas quer usar energia eólica na indústria
Ursula von der Leyen salientou que Bruxelas vai concentrar-se "nas competências, no acesso ao financiamento e em cadeias de abastecimento estáveis".
"Mas isto é mais vasto do que um setor. Da energia eólica ao aço, das baterias aos veículos elétricos, a nossa ambição é muito clara: o futuro da nossa indústria de tecnologias limpas tem de ser feito na Europa", acrescentou.
Inflação: Desafio a longo prazo
"Outro grande desafio económico é a persistência de uma inflação elevada. Christine Lagarde [presidente] e o Banco Central Europeu [BCE] estão a trabalhar arduamente para manter a inflação sob controlo, [mas] sabemos que o regresso ao objetivo de médio prazo do BCE levará algum tempo", disse Ursula von der Leyen.
Discursando pela quarta vez desde que assumiu funções, a última neste mandato, a responsável elencou "três grandes desafios económicos para a indústria no próximo ano".
Em causa estão a "escassez de mão-de-obra e de competências, a inflação" e a necessidade de "facilitar a atividade das empresas", num contexto de contido crescimento económico, de consequências da guerra na Ucrânia e de uma apertada política monetária que dificulta o acesso ao financiamento.
Tais desafios surgem, de acordo com a líder do executivo comunitário, numa altura em que também se pede à indústria que lidere a transição limpa, pelo que urge "olhar para o futuro" e definir a forma de a UE se manter competitiva.
Por essa razão, Von der Leyen pediu a Mario Draghi, ex-presidente do BCE, "uma das maiores mentes económicas da Europa, que preparasse um relatório sobre o futuro da competitividade europeia".
A taxa de inflação tem vindo a baixar nos últimos meses após registar valores históricos devido à reabertura da economia pós-pandemia de covid-19, à crise energética e às consequências económicas da guerra na Ucrânia, mas ainda assim acima do objetivo de 2% fixado BCE para a estabilidade dos preços.
Para o atingir, o BCE tem apertado a política monetária com sucessivos aumentos das taxas de juro, agora a um ritmo mais lento.
UE organiza cimeira para reinventar mercado do trabalho
"Precisamos de melhorar o acesso ao mercado de trabalho, ainda mais para os jovens e para as mulheres. Precisamos de migração qualificada e, além disso, precisamos de responder às mudanças profundamente enraizadas na tecnologia, sociedade e demografia", considerou Ursula von der Leyen.
Von der Leyen acrescentou que é "necessário contar com a perícia de negócios e associações comerciais", os "parceiros de negociação coletivos".
Lembrando que já passaram quase 40 anos desde que Jacques Delors organizou esta reunião em Val Duchesse e "viu nascer o diálogo social europeu", a representante declarou que desde então os parceiros sociais moldaram a União e asseguram a prosperidade para milhões.
"E agora que o mundo à nossa volta muda cada vez mais rápido, os parceiros sociais têm, mais uma vez, de estar no coração do nosso futuro. Juntos, precisamos de nos focar nos desafios que o mercado do trabalho enfrenta, de competências e escassez de mão-de-obra, a desafios novos provenientes da inteligência artificial", completou.
Sobreiros do Sul da UE entre as espécies que devem ser protegidas
"Desde as poderosas florestas de coníferas do Norte e do Leste, passando pelos últimos vestígios de florestas virgens de carvalhos e faias na Europa Central, até aos montados de sobro do Sul da Europa: todas estas florestas são uma fonte insubstituível de bens e serviços", e mostram que a biodiversidade necessita de ser protegida, referiu von der Leyen.
A par da proteção da natureza, a segurança alimentar é também uma tarefa essencial na UE, disse a líder do executivo comunitário, lembrando que as alterações climáticas provocam secas, fogos florestais, cheias e inundações.
Orçamento da UE aprovado e acordo com Mercosul este ano
"As empresas europeias precisam de ter acesso a tecnologias-chave para inovar, desenvolver e produzir, [...] é um imperativo económico e de segurança nacional preservar uma vantagem europeia em tecnologias críticas e emergentes, [mas] esta política industrial europeia exige também um financiamento europeu comum", disse Ursula von der Leyen.
Foi por isso que, de acordo com a líder do executivo comunitário, a Comissão Europeia propôs recentemente uma revisão para reforço do orçamento de longo prazo da UE e a criação de uma Plataforma de Tecnologias Estratégicas da Europa (STEP) para apoiar a liderança europeia no domínio das tecnologias críticas.
"Com a [plataforma] STEP, podemos impulsionar, alavancar e orientar os fundos da UE para investir em tudo, desde a microeletrónica à computação quântica e à inteligência artificial, da biotecnologia às tecnologias limpas, e as nossas empresas precisam deste apoio agora, por isso apelo a um rápido acordo sobre a nossa proposta de orçamento", afirmou Ursula von der Leyen.
"Sei que posso contar com esta assembleia", acrescentou, numa alusão à discussão entre os colegisladores (Conselho e Parlamento Europeu).
Já falando sobre a competitividade europeia, a responsável defendeu a aposta num "comércio aberto e justo".
"Até agora, concluímos novos acordos de comércio livre com o Chile, a Nova Zelândia e o Quénia e o nosso objetivo é concluir acordos com a Austrália, o México e o Mercosul até ao final do corrente ano e, pouco depois, com a Índia e a Indonésia", revelou, defendendo que o "comércio inteligente gera bons empregos e prosperidade".
Acabar com a "praga" do tráfico humano
"Precisamos de trabalhar com os nossos parceiros para enfrentar esta praga do tráfico humano. Por isso, a Comissão vai organizar uma conferência internacional para combater o tráfico de pessoas", disse a representante.
A União Europeia (UE) necessita, no seu entender, de uma aplicação da lei mais forte e de "um papel mais proeminente" das agências envolvidas no combate a este crime -- a Europol, Eurojust e a Frontex.
Lei da IA aprovada e apoio a supercomputadores
"Apresentámos a lei da IA - a primeira lei abrangente do mundo a favor da inovação no domínio da IA - e quero agradecer a esta assembleia e ao Conselho pelo trabalho incansável nesta lei inovadora. A nossa lei da IA é já um modelo para todo o mundo, [mas] temos agora de nos concentrar em adotar as regras o mais rapidamente possível e passar à sua aplicação", disse von der Leyen. «
Numa altura em que os colegisladores (Estados-membros e Parlamento Europeu) da UE estão, desde junho passado, a negociar estas primeiras regras comunitárias para que os sistemas de IA sejam seguros e respeitem os direitos fundamentais, a líder da Comissão Europeia definiu como prioridade "garantir que a IA se desenvolva de uma forma centrada no ser humano, transparente e responsável".
"Acredito que a Europa, juntamente com os seus parceiros, deve liderar o caminho para um novo quadro global para a IA, assente em três pilares: barreiras de proteção, governação e orientação da inovação", elencou.
No seu discurso sobre o Estado da União, a responsável destacou que "a Europa se tornou líder no domínio da supercomputação, com três dos cinco supercomputadores mais potentes do mundo".
"Temos de tirar partido deste facto e é por isso que posso anunciar uma nova iniciativa para abrir os nossos computadores de alto desempenho às empresas em fase de arranque no domínio da IA para treinarem os seus modelos", revelou Ursula von der Leyen.
Portugal, por exemplo, inaugurou este mês na Universidade do Minho um novo supercomputador, que será o mais rápido em Portugal, capaz de executar 10 milhões de biliões (dez petaflops) de cálculo por segundo, multiplicando por 10 a capacidade de computação de alto desempenho no país.
Ursula von der Leyen observou que, nos últimos anos, "a Europa assumiu a liderança na gestão dos riscos do mundo digital" com as novas leis para os serviços e os mercados digitais, perante desafios como a "desinformação, difusão de conteúdos nocivos, riscos para a privacidade dos dados".
"O mesmo deve acontecer com a inteligência artificial", adiantou.
A líder do executivo comunitário defendeu a criação de um organismo semelhante ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, no âmbito das Nações Unidas, mas dedicado à IA, "sobre os riscos e os seus benefícios para a humanidade".
A Comissão Europeia apresentou, em 2021, esta proposta para regular os sistemas de IA, a primeira legislação ao nível da UE e que visa salvaguardar os valores e direitos fundamentais da UE e a segurança dos utilizadores, obrigando os sistemas considerados de alto risco a cumprir requisitos obrigatórios relacionados com a sua fiabilidade.
Esta será, então, a primeira regulação direcionada para a IA, apesar de os criadores e os responsáveis pelo desenvolvimento desta tecnologia estarem já sujeitos à legislação europeia em matéria de direitos fundamentais, de proteção dos consumidores e de regras em matéria de segurança.
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