E de repente é como se voltássemos aos anos 80 do século passado, ao fantasma do inverno nuclear, aos dias em que o filme ‘O Dia Seguinte’ mostrou a famílias inteiras, encolhidas na sala de cinema, o potencial diabólico do cogumelo atómico. Para a minha geração, o medo foi depois atenuado pelo advento da ‘glasnost’ soviética, a política da transparência, e da ‘perestroika’, que reestruturou o regime comunista e que, dessa forma, abriu caminho ao desanuviamento entre as superpotências, ao desmantelamento de ogivas nucleares, ao retrocesso do relógio do fim do Mundo. E por isso admirámos tanto Gorbatchov, transformado em estrela pop no Ocidente enquanto era odiado pelo seu povo, que salvou do holocausto. E aqui estamos. Confesso que nunca imaginei ter de colocar na primeira página do nosso CM a impensável notícia sobre uma ameaça nuclear na Europa, como hoje mesmo fui obrigado. A autorização para o uso de mísseis americanos na Rússia é uma decisão legítima, mas se fosse Trump a tomá-la no fim do mandato isso levaria, no mínimo, a acusações violentíssimas, de fascismo para cima. Assim, toleramos na Europa o ato de Biden, contando com a providência que fará do arsenal russo algo imprestável e que Putin, esperamos, preferirá não pôr à prova. O Mundo está a ser governado por loucos. Olha-se o horizonte próximo e não se vislumbra esperança de melhorias imediatas. Haverá na Europa um estadista razoável que introduza racionalidade neste desvario?
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Por Carlos Rodrigues
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Por Carlos Rodrigues.
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