Tivéssemos nós tempo para tudo e podíamos indignar-nos sobre o retrocesso histórico nos EUA, com a exterminação do direito constitucional ao aborto. Tivéssemos nós tempo para olharmos para a forma vergonhosa como a atriz brasileira Klara Castanho foi tratada publicamente, depois de ter sido violada, descobrindo estar grávida a pouco tempo do parto e tomando por isso a decisão de permitir que o bebé fosse adotado por uma família que o crie longe de todo o horror que levou à sua conceção. Tivéssemos nós tempo para pensar nas mais de 3,9 mil milhões de mulheres que povoam este planeta e na forma como se legisla sobre os seus corpos, os seus direitos reprodutivos. E ainda que possa parecer ofensivo, monocórdico ou cansativo estar sempre a bater na mesma tecla, o tempo está mesmo a acabar. Nos EUA, no Brasil e até aqui, se o aceitarmos com dormência de espírito. Esta maneira de ‘gerir’ os corpos das mulheres não é nova e a filosofia anda muito à volta do ‘lema’ de um culto, nos EUA, à base da poligamia e da exploração sexual de meninas e mulheres que dá agora também título ao documentário da Netflix que o explica: ‘Keep sweet, pray and obey’ ou ‘Sejam dóceis, rezem e obedeçam’. Durante décadas (incluindo a de 2010), o corpo feminino foi tratado como uma mercadoria e os homens só atingiriam o paraíso quantas mais mulheres tomassem para si. Um dos líderes, que apanhou prisão perpétua por crimes sexuais, tinha 78, além de pelo menos 60 filhos. E com isto tudo, há que lamentar (e contestar) que a ideia de uma vida valha a pena destruir uma vida inteira.
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