A proibição de jogos de futebol em domingos de eleições é uma decisão típica da "superioridade moral" dos leninistas. Eles, os inteligentes e líderes de visão, eles é que sabem o que é bom para nós, as "massas", que somos bovinamente estúpidos. Por sugestão da Comissão Nacional de Eleições (CNE), a decisão parte, curiosamente, do governo PS, mas como este partido está cada vez com mais tiques leninistas, a bota acerta com a perdigota.
Já um leninista à antiga, Jerónimo de Sousa, meteu os pés pelas mãos, dizendo que seria "desejável" que não houvesse jogos, acrescentando, para dar um ar razoável a essa posição, que não se põe as pessoas a votar por decreto. E é mesmo. No Brasil, o voto é obrigatório e milhões não votam, preferindo pagar multa.
Assim estamos: 43 anos depois da instauração democrática, a vetusta CNE e o governo PS acham que as duas horas dos jogos de futebol impedem as pessoas de votar nas outras nove horas em que as urnas estão abertas. Temem incidentes nos jogos e, imagine-se, que esses incidentes dos bárbaros adeptos se transfiram para os locais de voto.
Já agora, podiam igualmente proibir que se trabalhasse no dia das eleições. Há muitas dezenas de milhares de cidadãos que trabalham aos domingos nos transportes, no comércio, na indústria, na agricultura, nos jornais, rádios e televisões, nas igrejas, nos hospitais, nos lares, na restauração, na hotelaria e no entretenimento.
Mas o melhor é ficar-me por aqui, para não dar ideias aos inteligentes que nos desprezam.
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