Houve muita solidariedade com o CM e a CMTV, mas foi inquietante a demora de órgãos de informação e de associações de jornalistas em condenar a censura prévia de tipo fascista aplicada por uma juíza contra o grupo Cofina, de que o CM faz parte. Foi inquietante o silêncio de outros. Foi inquietante a quantidade de pessoas que se dizem democratas apoiando, na informalidade do Facebook, a decisão da juíza e rejubilando com o silenciamento do CM nas notícias da Operação Marquês.
Em democracias antigas e enraizadas na mente e na vida comum dos cidadãos, seria impensável que pessoas que se dizem democratas pudessem apoiar uma das decisões mais negras da justiça em 40 anos contra a liberdade de informar.
O lado mais triste é que essas pessoas, cujos comentários li às dúzias no Facebook, se consideram realmente democratas. Alguns são jornalistas. Outros dão aulas de jornalismo. A maioria desconhece o CM. Condena-o sem o ler. Não faz a mínima ideia de que o CM publica notícias, quer dizer, textos relatando e descrevendo factos, e que o faz sem qualquer opinião escondida ou declarada no meio das notícias, como sucede na maioria dos jornais. Muitos não gostam do CM porque ele traz factos que não gostariam de saber ou que prefeririam que não fossem divulgados. Outros inventam que o CM não investigou os casos dos submarinos, BES, etc. São reacções enviesadas, decorrentes de opções ideológicas e nunca baseadas em factos.
Inquieta porque estas pessoas que se consideram democratas não o são verdadeiramente. Agem no domínio dos valores supremos da cidadania e do Estado de direito como fanáticos dum clube de futebol. São incapazes de ver o essencial, os factos, adormecendo o cérebro no sossego dos seus preconceitos ideológicos prévios. São pessoas prontas a aceitar a prepotência de juízes retrógrados e parciais e também de políticos no poder que interferem nos media, recorrem à ilegalidade para remover jornalistas, calar outros, comprar e mudar direcções até em media privados – tudo, afinal, para amordaçar a liberdade.
Estes "charliezinhos" que povoam o Facebook, que trepam nos partidos e no aparelho judicial e do Estado, são nossos vizinhos e amigos. Eles são o fermento do autoritarismo que abafa a liberdade e permite, depois, a corrupção política, económica e financeira. Não digo que desejem a ditadura, mas permitem que políticos e outros decisores ajam ditatorialmente em democracia. Mas, como se costuma dizer, a luta pela liberdade continua. É para isso que cá estamos.
O candidato não muda de fato?
O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa está com dificuldade em libertar-se do fato do comentador Marcelo. O seu discurso na Voz do Operário foi o de quem quer conquistar todos, sem se comprometer. Ora esse é o discurso do comentador Marcelo. Um candidato presidencial tem de estar a favor de alguma coisa, não de tudo, o que significa estar contra alguma coisa. É isso a política em democracia. O candidato Marcelo quer conquistar eleitores como quem conquista audiências de TV. Mas os cidadãos sabem distinguir o que é a sua condição de espectadores dum comentador e a de eleitores dum presidente da República. E até agora só sabemos o que o candidato Marcelo diz como comentador.
RTP 1: acentua-se a inutilidade
A parte de audiência da RTP 1 em Setembro foi a mais baixa do ano. Voltou ao nível de 2013. Entre as duas datas, acentuou-se uma programação igual à dos privados. A nova administração prossegue a mesma estratégia, apenas menos "bombástica" no populismo. A informação está melhor, mas a programação é inútil.
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Sendo a perda de share significativa, a perda de audiência efectiva (rating) é menos acentuada.
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