Mais do que esperar pela convocatória final de Luiz Felipe Scolari para o Europeu 2004, eu espero, confesso, para saber quem são – para esta competição – os narradores, comentadores e repórteres eleitos pelas três estações de televisão (RTP, SIC e TVI) que vão dividir os 31 jogos entre si. Mas digo já que não espero… grande coisa. Mas digo já que não espero… grande coisa. Os últimos 20 anos, com especial agravamento na última metade, deram para perceber o que vale, em matéria de futebol falado – ou desporto falado, se se preferir – a nossa televisão: Portugal tem maus narradores, tem comentadores com mais do que aparente falta de independência e repórteres… que acumulam. É óbvio que nesta matéria devem ser poupadas SIC e TVI, por nem sequer poder ser comparável a quantidade de acontecimentos desportivos que uns e outros transmitiram desde o advento da televisão privada, há 11 anos. Digamos, portanto, que em relação à pouca competência para o assunto a televisão pública tem estado mais exposta. E de que maneira. De uma forma geral, o desporto é – desde sempre – o seu ponto fraco. Quem não se recorda de uma célebre tirada de Adriano Cerqueira (que mais tarde chegaria a director de programas), no decorrer de uma corrida de Fórmula 1?: "Tudo indica que o piloto Jacques Laffitte, da Ligier, terá partido as duas pernas da frente…" Não é uma delícia? E o que dizer desta "genialidade" de Ribeiro Cristóvão (que mais tarde chegaria a deputado), durante o programa ‘Remate’, ao fim de uma noite de programação na RTP? "Em jogo a contar para o campeonato nacional da I Divisão de Voleibol, o Sporting de Espinho bateu o Esmoriz por três bolas a uma…" Lindo, não é? Mas é, claro, no futebol que o fenómeno ganha outra dimensão. Há dias, na final da Taça Intercontinental (Boca Juniors-AC Milan), Gabriel Alves fez destacar que, nesta prova, havia "um domínio hegemónico das formações europeias e sul--americanas". Mesmo assim! Não acham notável que, resistindo a tudo o que é direcção na RTP, Gabriel se mantenha ano após ano em antena como um dos grandes ‘experts’ nacionais? E alguém duvida, por um instante que seja, que – ao contrário de Vítor Baía – este homem vai mesmo ser "convocado" para o Europeu 2004? Eu não duvido. A forma como as televisões (RTP à cabeça) tratam o futebol, essa eterna mina de ouro para a caça de audiências, é uma completa aberração. Rui Loura (que há uns tempos nem sabia – imagine-se – o que era um fora-de-jogo!), Paulo Martins, Luís Baila, Hélder Marques de Sousa e António Fidalgo, entre muitos outros, são os meus "destaques" numa equipa (dirigida por Paulo Catarro, é bom lembrar) onde não é fácil encontrar quem se salve. E num universo carregado de fracas figuras, deixo os bons exemplos. As excepções, portanto: Miguel Prates (narrador, Sport TV), Carlos Mozer (comentador, Sport TV), Nelson Pereira (repórter, Sport TV), Jorge Baptista (comentador), Luís Sobral (comentador, TVI). Ah, claro, e o Pedro Pinto, que trocou há dias a CNN pela Sport TV. Faltou pouco para ter ingressado na RTP, mas à última hora a televisão pública não o quis. Deve ter boas razões para isso.
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