Volta e meia, perguntam-me qual é o meu canal preferido. Bem, a minha emissora preferida é o zapping – o meu comando dispara mais rápido do que o Lucky Luke. Mas, quando estaciona, creio que os meus programas predilectos são as séries de ficção. E um canal muito hospitaleiro é o AXN, com pratos apetitosos como os ‘CSI’ e ‘Sem Rasto’. Os Portugueses concordam comigo, já que o AXN é mais visto do que, por exemplo, a RTP 2 ou a RTPN.
O Fox também é bastante convidativo – sobretudo o Fox Crime. Confesso-me um viciado em narrativas policiais (entre um tratadozinho ou outro de metafísica ou filosofia política, para compor o ramalhete) – a minha sanidade mental depende destas regulares transfusões de sangue… O escritor americano Edgar Allan Poe (cuja morte, aliás, até hoje não se esclareceu) deu o pontapé de saída do género.
No conto ‘Os Assassínios da Rua Morgue’, introduziu o primeiro detective, Auguste Dupin. Este, como os seus sucedâneos Sherlock Holmes ou Hercule Poirot, esgrimiam exclusivamente a massa cinzenta para chegar à ‘Eureka!’. Holmes e Poirot são, de longe, as personagens mais assíduas em séries televisivas, desde a invenção desta máquina de fazer doidos.
Ultimamente, porém, floresceu a mania das investigações forenses, em que os agentes empunham sobretudo os computadores e os microscópios. O pessoal do ‘CSI’, por exemplo, parte de uma reles cutícula e remonta a árvore genealógica do criminoso até Adão. A doutora Temperance Brennan (da esplêndida série ‘Ossos’, na RTP 2 e no Fox) vai ainda mais longe.
A série de TV baseia-se nos romances de Kathy Reichs, mas opera uma fusão entre os livros e a actividade da própria autora. Afinal, como a sua protagonista, Reichs é antropóloga forense: trabalha no Gabinete de Investigação Médica da Carolina do Norte (o mais avançado do Mundo) e é um dos 50 membros do selecto Conselho Americano de Antropologia Forense.
Na versão televisiva, é amplificado o aspecto de ‘totó genial’ da doutora Brennan, uma ‘workaholic’ sem vida particular, cujo grande tesão é mexericar em cadáveres mumificados. Muitíssimo mal empregada, diga-se de passagem, pois a actriz que a calcifica (para manter a referência a ossos) é a estonteante Emily Deschanel (quem me dera fornecer uma nora assim à minha mãe).
Um paradoxo intrigante: embora alguns dos melhores autores policiais usem saias – de Agatha Christie a Patricia O’Cornell – são muito raras as leitoras deste género. Dá para perceber? Ó senhoras, olhem ali um elefante! (Aqui entre nós, rapazes, as mulheres são um enigma que nem Sherlock Holmes conseguiu deslindar. Aliás, nem tentou.)
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