Não é uma provocação tola. O primeiro fáscio foi constituído em Milão, por Mussolini, no ano de 1915 e era uma associação de socialistas revolucionários. Recusava os partidos, afirmava-se como uma “livre associação de voluntários”, inspirava-se nos homens “desinteressados”. Foi uma cisão do Partido Socialista Italiano (PSI) e estava cheio de gente oriunda do socialismo e do sindicalismo revolucionário. Lutava pela pátria italiana contra o imperialismo teutónico, reivindicava a identidade de um movimento regenerador, contra os partidos. Com as necessárias e óbvias distâncias, a associação Honrar Portugal, lançada para apoiar Gouveia e Melo, é uma espécie de fáscio do almirante, sem a ideologia da matriz, socialista revolucionária, ou a que resultou da metamorfose seguinte, o chamado fascismo. É apenas o cabide em que se pendura a vontade de agir fora dos partidos. A novidade está na roupa pendurada. Está cheio de roupa velha. Aspirantes a senadores, velhos hierarcas dos interesses instalados nas sombras, estafados crocodilos do pântano da vampirização de recursos públicos por interesses privados, servidores de antigos comendadores industriais, ilusionistas da comunicação, tudo devidamente misturado com a necessária gente boa e os cabeças de turco que representam o capital pagador (e comprador da devida influência futura). Estranha maneira de honrar Portugal.
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