Entre o medo e a esperança: Eleitores brasileiros vão às urnas
Bolsonaro denunciou alegada fraude e ameaça não reconhecer os resultados eleitorais.
Mais de 150 milhões de brasileiros vão este domingo às urnas escolher o Presidente da República, governadores de estado, senadores, deputados federais e regionais divididos entre a esperança de dias melhores e o medo da violência pós-eleitoral. O atual Presidente, Jair Bolsonaro, já deixou claro que não aceitará uma derrota.
“Se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. Não tem como eu não ganhar na primeira volta [este domingo]”, disse há dias Bolsonaro, reafirmando a sua teoria de que o TSE, responsável pela contagem de votos, é dominado por “comunistas” e que, se não for reeleito este domingo, é porque houve fraude.
O otimismo de Jair Bolsonaro ignora as sondagens, que dão como certa a vitória nestas eleições do ex-Presidente Lula da Silva, havendo somente a dúvida se este será eleito já este domingo, na primeira volta, ou no dia 30, na segunda ronda. De acordo com o Instituto Datafolha, na sexta-feira Lula tinha 50% das intenções de voto, muito perto da eleição imediata, enquanto Jair Bolsonaro tinha 36% e o máximo que conseguiria era forçar uma segunda volta.
Nas redes sociais, grupos de apoiantes de Bolsonaro insinuam estar em curso uma conspiração para tirar o Presidente do poder e dar a vitória a Lula, e que a resposta a essa suposta fraude tem de ser dura.
Não por acaso, esta campanha eleitoral foi diferente de todas as outras. O medo fez os cidadãos evitarem expressar em público a sua opinião, e menos ainda o seu sentido de voto, não se viam carros de som nas ruas nem bandeiras partidárias nas janelas e eram raras as pessoas que exibiam nas roupas ou nos carros os habituais autocolantes com as fotos dos candidatos.
Eleitores querem decisão rápida
85% já decidiram em quem vão votar
Numa eleição polarizada entre Lula e Bolsonaro, 85% dos eleitores garantem já ter decidido em quem vão votar. Restam 15% de indecisos.
Segurança máxima nos órgãos do Estado
Os edifícios do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior Eleitoral e do Congresso, em Brasília, estão sob rigorosas medidas de segurança devido às ameaças de invasão que circulam em grupos do WhatsApp e do Telegram ligados a apoiantes de Bolsonaro. Os prédios estão cercados por barreiras de grades e de cimento, foram instalados escudos antidrones e um grande efetivo de seguranças próprios dos três órgãos, da Polícia Militar e da Polícia Federal reforçou a proteção, tanto de forma ostensiva quanto em forma de reserva para emergências. E, lembrando a invasão ao Capitólio, nos EUA, após a derrota de Trump, foram criadas rotas de fuga para os juízes e os parlamentares que estejam nos prédios em caso de ataque.
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