PCP diz ficar surpreendido com "necessidade constante" do PS de alinhar com Governo
Paulo Raimundo considerou que o PS, ao procurar alinhar-se com um Governo, liberta o Chega de assumir as suas responsabilidades".
O secretário-geral do PCP afirmou, esta segunda-feira, ficar surpreendido com a "necessidade constante" do PS de "alinhar com o Governo", referindo-se à lei dos estrangeiros, e considerou que, ao fazê-lo, "liberta o Chega de assumir as suas responsabilidades".
"O que eu fico surpreendido é com uma necessidade constante [do PS] de encontrar sempre caminhos para alinhar com as opções de fundo do Governo. Isso é que eu fico surpreendido e é coisa que o PS -- acho eu, mas isso é com eles -- não precisaria de fazer", afirmou Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP falava aos jornalistas durante uma arruada da CDU em Oeiras, após ter sido questionado se ficou surpreendido com o facto de o secretário-geral do PS ter admitido que "não há uma grande distância" entre o partido e o Governo sobre a lei dos estrangeiros.
Paulo Raimundo considerou que o PS, ao procurar alinhar-se com um Governo, cria um "aspeto negativo: liberta o Chega de assumir as suas responsabilidades".
No entanto, o secretário-geral do PCP não quis pronunciar-se em concreto sobre um potencial entendimento entre o PS e o PSD na lei dos estrangeiros, frisando que são "decisões de outros" partidos, que não comenta, e trata-se de "arrumações em torno de aspetos concretos".
"É a arrumação em torno da lei dos imigrantes, é a arrumação em torno do pacote laboral, é a arrumação em torno do Orçamento do Estado que já falámos. São arrumações diferenciadas, mas onde todos -- em particular o PS e o Chega -- parece que continuam naquele movimento de cotoveladas para ver quem é o parceiro ideal do Governo", referiu, frisando que quem "alinhar com o Governo" terá de "assumir as suas responsabilidades".
Questionado, contudo, sobre como é que vê uma associação do PS a uma lei que já considerou ter contornos reacionários, Paulo Raimundo diferenciou a lei dos estrangeiros que foi aprovada em julho na Assembleia da República e chumbada pelo Tribunal Constitucional, e que considerou ter "contornos reacionários", com a que está atualmente a ser elaborada.
"Eu não conheço o texto da nova [lei], sinceramente não conheço. E, portanto, não levem a mal, mas não farei nenhum comentário sobre o texto da supostamente nova lei, porque eu não a conheço", disse.
O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, anunciou, esta segunda-feira, que o partido vai propor alterações à nova lei dos estrangeiros para a melhorar, admitindo que "não há uma grande distância" em relação à proposta do Governo, mas que não houve diálogo.
A Assembleia da República reaprecia esta terça-feira, em plenário, na generalidade, especialidade e votação final global, as novas propostas de alteração à lei de estrangeiros, depois de este diploma ter chumbado no Tribunal Constitucional.
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