Eram esperados oito votos a favor do PSD, mas o cenário mudou. Miranda Calha foi a surpresa na bancada do PS.
Bastaram cinco votos para fazer cair por terra as expectativas das dezenas de pessoas que esta terça-feira encheram as galerias da Assembleia da República na esperança de verem aprovada a despenalização da eutanásia. O resultado acabaria por ir ao encontro da opinião das centenas de pessoas que, fora do Parlamento, se manifestavam pelo 'não'. Os partidos vão voltar a trazer o tema para a opinião pública, mas só depois das legislativas de 2019.
Eutanásia cai por cinco votos e volta após legislativas
PS, BE, Verdes e PAN apresentaram projetos de lei para despenalizar a morte medicamente assistida, mas foi a iniciativa dos socialistas que recolheu mais votos favoráveis: 110 a favor contra 115 rejeições e quatro abstenções. Faltaram cinco votos para ser aprovado e a chave para fazer passar o diploma esteve nas mãos do PSD.
Antes do debate havia oito deputados sociais-democratas que eram dados como favoráveis à despenalização: Adão Silva, Cristóvão Norte, Duarte Marques, Margarida Balseiro Lopes, Paula Teixeira da Cruz, Paulo Rios, Pedro Pinto e Teresa Leal Coelho. Só que, quando foram chamados a pronunciar-se, um a um, quatro votaram contra ou abstiveram-se em algumas das iniciativas.
Também houve surpresas do lado do PS. Miranda Calha votou contra os projetos de lei de forma inesperada, o que provocou burburinho entre os socialistas. Na bancada do PS, também Ascenso Simões votou contra, como tinha publicamente anunciado.
Como Rui Silva, parlamentar do PSD, esteve ausente da sessão, votaram 229 deputados nos quatro projetos de lei. O PS recolheu 110 votos favoráveis, Verdes e Bloco de Esquerda 104 e o PAN - Pessoas, Animais e Natureza - 102 votos a favor.
Centenas disseram não na rua
"A minha mãe esteve dois anos e meio acamada e completamente dependente. Se ela tivesse pedido a eutanásia, isso seria a maior vergonha e o maior falhanço para nós enquanto família e para Portugal enquanto País." Esta é a história de Teresa Caeiro, a deputada do CDS de quem se esperava uma abstenção mas que votou contra os quatro projetos de lei. A deputada foi uma das centenas de pessoas que esteve em frente ao Parlamento antes da votação sobre a eutanásia.
"Não mates, cuida" ou "Matar não é solução" foram palavras escritas nos cartazes dos manifestantes, de todas as idades. Francisco Guimarães, de 19 anos, marcou presença por considerar que "a vida é inviolável". Para o estudante de Engenharia Mecânica, o tema não foi suficientemente debatido. A pouca discussão pública foi um dos argumentos mais ouvidos. A despenalização da eutanásia não constou na maioria dos programas políticos dos partidos nas últimas eleições.
Bastonário diz que saúde foi vencedora
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considerou ontem que "o grande vencedor desta votação é a saúde". "As pessoas [...] perceberam que é mais importante neste momento apostar na saúde [...] do que discutir um tema fraturante", disse à Lusa.
DEPOIMENTOS
Fernando Negrão, líder parlamentar do PSD
"Foi dada uma lição de tolerância e democracia"
"O presidente do PSD deu liberdade de voto pois considerou que esta era uma questão de consciência e isso é que é importante. Cada deputado pôde exprimir-se livremente. Foi dada uma lição de tolerância e democracia."
Maria Antónia Almeida Santos, deputada do PS
"Foi o início de um caminho que já não terá retrocesso"
"É um tema incontornável e inadiável, mais tarde ou mais cedo o Parlamento irá contribuir para mais esclarecimento e mais maturidade. Foi o início de um caminho que já não terá retrocesso. Demos grandes passos no esclarecimento de um tema sensível."
Assunção Cristas, líder do CDS-PP
"Foi um sinal de grande maturidade democrática"
"O CDS alegra-se com a votação esta tarde no Parlamento que levou à reprovação da eutanásia em Portugal. Entendemos que este foi um sinal de grande maturidade democrática do Parlamento. Mas este é um tema que não fica fechado aqui."
Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda
"Portugal está um passo mais perto da eutanásia"
"Estou absolutamente convicta de que Portugal está um passo mais perto de ter a despenalização da morte assistida e portanto de sermos um País que respeite mais a dignidade e a escolha de cada um. Estamos certos de que este caminho vai continuar."
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