Concelhia é contra a morte assistida e estranha que não tenha havido debate interno no partido.
1 / 3
A assembleia concelhia do PSD de Coimbra aprovou na noite de quinta-feira um voto contra os projetos de legalização da eutanásia e exigiu uma discussão interna do tema, criticando o líder do partido, Rui Rio.
"Não faz qualquer sentido que o PSD viabilize leis desta natureza sem sequer ouvir os militantes e simpatizantes - ainda bem que Coimbra o fez!", lê-se no texto da moção contra a eutanásia e morte medicamente assistida, aprovada "por maioria absoluta e aclamação".
Em declarações à agência Lusa, Nuno Freitas, presidente da concelhia do PSD de Coimbra, assume que a posição da assembleia concelhia, "na verdade, é uma crítica" ao líder do PSD, Rui Rio, alegando que o partido não discutiu a questão internamente com militantes e simpatizantes, nem o tema da eutanásia estava, quer no programa eleitoral sufragado nas últimas legislativas, quer no programa dos candidatos à liderança do partido.
"[A Rui Rio] só se conhece uma posição genérica, em abstrato, no capítulo de um livro. O PSD é democrático, não é presidencialista, a discussão deve ser feita até em referendo interno e o Conselho Nacional podia ser convocado", argumentou Nuno Freitas.
O líder concelhio lembrou, por outro lado, que o PSD "não é um partido confessional", isto é, para os sociais-democratas a questão "não é religiosa" e nas suas bases programáticas "respeita o caráter inviolável da vida humana", conforme inscrito na Constituição da República, assumindo que toda a vida humana "tem igual dignidade".
"A eutanásia coloca, legitimamente, dúvidas, incertezas e riscos e altera substancialmente a posição ideológica do partido", argumentou o líder da concelhia de Coimbra, defendendo que o PSD "tem obrigação de dizer que não vai matar as pessoas e vai cuidar das pessoas, e que não está alinhado com a morte a pedido".
Deste modo, Nuno Freitas defende que o PSD "devia votar em bloco" contra os projetos de legalização da eutanásia que serão discutidos na terça-feira no parlamento, e, embora dizendo-se "convicto" de que a maioria dos militantes sociais-democratas é contra a eutanásia, defende uma discussão interna até às próximas eleições legislativas para decidir "em que termos o PSD deve colocar no seu programa eleitoral linhas sobre esta matéria".
Para Nuno Freitas, a discussão em torno da legalização da eutanásia "é um oportunismo político da esquerda, por razões meramente mediáticas", e o PSD "tem de perceber isso, deixar o Bloco de Esquerda falar para os falhados do comunismo e não pode ter uma posição cinzenta sobre a matéria".
"Agora, o PSD alinhar e sufragar uma posição dos falhados do comunismo é que é fantástico", ironizou Nuno Freitas.
Na moção aprovada "de forma esmagadora" e "por maioria absoluta e aclamação" pela assembleia concelhia, é recomendado aos deputados do PSD eleitos por Coimbra o voto contra na Assembleia da República nos projetos-lei do BE, PEV, PAN e PS.
No texto da moção, a concelhia de Coimbra lembra ainda que "este mês" a Finlândia recusou legalizar a eutanásia "depois de recusa idêntica no Reino Unido e em França".
Nuno Freitas frisou ainda que a sessão de quinta-feira, aberta a militantes e simpatizantes do PSD, foi "muito participada", com "dezenas" de intervenções sobre aspetos éticos, jurídicos, médico-legais, políticos, económicos e sociais, e que a consagração legal de uma cultura de "morte a pedido" foi considerada "um retrocesso civilizacional".
"Temos que tratar mais e cuidar melhor das pessoas, mas não matá-las, mesmo que o peçam - é a nossa barreira civilizacional depois de Auschwitz", referiu.
"Forçar as pessoas a considerar que são um estorvo ou um encargo para a família ou a sociedade e, portanto, deveriam pedir a morte, é uma violência indigna e nós temos obrigação de defender os mais vulneráveis, sejam eles idosos, doentes ou deficientes", adiantou.
Para além da rejeição da legalização da eutanásia, o PSD de Coimbra defende a criação da figura jurídica do "cuidador de proximidade".
A concelhia social-democrata aprovou ainda a "exigência do reforço imediato da rede nacional de cuidados paliativos e de normas de referenciação para essas unidades por parte do ministério da Saúde e de elaboração de normas de orientação clínica que impeçam práticas de distanásia e obstinação terapêutica".
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.