Presidente angolano defende que “não existem rancores” sobre o caso Manuel Vicente e esclareceu: “os amigos querem-se juntos”.
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Depois da tempestade, a bonança. Assim que o Presidente de Angola chegou ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, a chuva parou de cair. Um sinal do que aí vinha. Uma hora e meia depois, João Lourenço encerrava o "irritante" e o período de relações tempestuosas com Portugal. "Os amigos querem-se juntos."
Lado a lado com o homólogo português, e já no Palácio de Belém, João Lourenço preferiu apelidar como um "incumprimento" a imputação pelo Ministério Público português ao ex-vice-presidente angolano, Manuel Vicente, dos crimes de corrupção ou branqueamento de capitais. Ainda assim não deixou passar que " aquilo a que os portugueses convencionaram chamar como irritante" já "desapareceu". Os tempos mais cinzentos das relações entre Portugal e Angola ficam "no passado" porque "não existem rancores".
Agora, argumentou João Lourenço, há que olhar para o "novo ciclo" de relações bilaterais. Marcelo Rebelo de Sousa concordou: "Estamos destinados a agir com cumplicidade."
Mais tarde, na Assembleia da República, perante deputados, Chefe de Estado e membros do Governo portugueses, o presidente angolano assegurou que o combate à corrupção e a diversificação da economia do país são prioridades da sua governação. "Gostaríamos que as relações não se reduzissem à mera partilha de interesses económicos, mas que se alargassem ao nível das consultas políticas, diplomáticas e parlamentares permanentes", defendeu.
Após uma sessão de cumprimentos aos mais de 200 deputados, seguiu para um encontro com o autarca da capital, Fernando Medina, na Câmara de Lisboa. E, com a visita ao Instituto de Investigação Agrícola, frisou o interesse na cooperação com Portugal na agricultura.
O dia acabou com um jantar oferecido por Marcelo. Garantida está, para 2019, uma visita do ‘Ti Celito’ a Angola "em data a acertar ".
Uma primeira-dama política e de "forte personalidade"
"É uma mulher inteligente, de grande capacidade e forte personalidade." É assim que um profundo conhecedor dos meandros do poder angolano caracteriza Ana Dias Lourenço, a atual primeira-dama do país.
Licenciada em Economia pela Universidade Agostinho Neto, Ana Dias Lourenço, nascida a 13 de abril de 1957, é uma histórica do MPLA e chegou a ser presa, em 1977, por uma presumível ligação a Nito Alves, acusado de tentativa de golpe de Estado. Internamente, afirmou-se enquanto ministra do Planeamento, cargo que ocupou entre 1999 e 2012.
No final da guerra civil, em 2002, fez parte de um triunvirato de ‘jovens turcos’ do governo (os outros eram Aguinaldo Jaime e José Pedro Morais, primeiro- -ministro e ministro das Finanças, respetivamente) responsável pela recuperação das finanças públicas e o estabelecimento de um equilíbrio entre as disponibilidades das receitas petrolíferas e as necessidades do Estado. Foi afastada por recusar pactuar com certos clientelismos.
Depois disto, fez carreira por vários organismos internacionais, chegando a diretora executiva do Banco Mundial. Esta carreira internacional deu-lhe bagagem para ser considerada como um grande apoio para o marido na tomada de decisões, assim como na abertura de portas no exterior, sobretudo nos Estados Unidos. Contudo, João Lourenço tem ideias firmes das quais não abdica.
Nas eleições de agosto de 2017 foi eleita deputada pelo MPLA mas abdicou do lugar para se dedicar a tempo inteiro às funções de primeira-dama. O casal tem três filhas e até recentemente passava regularmente férias em Portugal.
Portugal vai dar formação agrícola a angolanos
Investigadores portugueses da área da Agricultura vão dar formação a profissionais angolanos, pelo menos, durante os próximos dois anos.
João Lourenço fez questão de visitar o Instituto de Investigação Agrícola e Veterinária, em Oeiras, acompanhado pelo ministro da Agricultura angolano, Marcos Alexandre Nhunga, que frisou a "extrema importância de ter recursos humanos formados" numa das áreas com mais expressão no país.
"Vamos continuar a brincar com o fogo"
O presidente de Angola garantiu que não vai baixar os braços no combate à corrupção no país. Questionado sobre se estaria a "brincar com o fogo" com a tentativa de repatriar os capitais ilegalmente retirados de Angola, João Lourenço respondeu: "Se estamos a brincar com o fogo, temos noção das consequências desta brincadeira. (...) Não temos medo de brincar com o fogo, vamos continuar a brincar com ele, com a noção de que vamos mantê-lo sempre sob controlo", vincou o também líder do MPLA.
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