Campanha prevê gastar 316.388 euros, sendo a mais cara entre todas candidaturas de grupos de cidadãos.
O movimento independente do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, esclareceu esta quinta-feira que as despesas da campanha para os cidadãos eleitores incluem 23% de IVA, contrariamente aos partidos, e acusou PS e PSD de suborçamentar as despesas reais.
Segundo os orçamentos disponibilizados quarta-feira na página da Internet da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, o movimento "Rui Moreira: Aqui Há Porto" prevê gastar 316.388 euros, sendo a campanha mais cara entre todas candidaturas de grupos de cidadãos, partidos e coligações e apresentando um orçamento de mais 16 mil euros do que conta gastar Carlos Moedas, em Lisboa.
Em declarações esta quinta-feira à Lusa, o presidente da direção da associação cívica - Porto, o Nosso Movimento, Francisco Ramos, salientou que os valores não são "comparáveis" e explicou que a lei autárquica "discrimina negativamente" os Grupos de Cidadãos Eleitores.
Contrariamente ao que acontece com os partidos, indicou o responsável, os grupos de cidadãos têm de apresentar os valores de despesa da campanha com IVA, sobrevalorizando em mais 23% os orçamentos dos movimentos independentes.
"Esta é apenas mais uma das desigualdades que existem entre os partidos políticos e os movimentos independentes que concorrem entre si às mesmas eleições, neste caso às eleições autárquicas com condições desiguais", disse, apelando a que este "injustificado benefício" seja eliminado.
Por outro lado, referiu, os números que vieram a público são valores de orçamento e não valores reais que, quando comparados, demonstram um "exercício de suborçamentação".
Em 2013, o Movimento Independente, responsável pela eleição de Rui Moreira, orçamentou 250 mil euros e gastou 254 mil euros, valores com IVA incluído, enquanto, que PSD e PS gastaram "praticamente o dobro", assinala o movimento em comunicado.
"Para essa mesma campanha [de 2013], o PSD orçamentou 350 mil euros, valor sem IVA e veio a gastar 445 mil euros, ou seja, gastou mais 27% do que o que disse, sendo que para nós podermos comparar com os nossos 254 mil euros gastos, o valor a considerar no PSD não são os 445 [mil euros] mas 547 mil euros, porque teremos de adicionar 23% para serem valores comparáveis", detalhou Francisco Ramos.
Já o PS orçamentou 300 mil euros e gastou 411 mil euros, "ou seja, gastou mais 37% do que o que disse que ia gastar", sendo que para ser comparável com o valor do Movimento que inclui IVA, "gastou não 411 mil, mas 507 mil euros".
Em 2017, o cenário repete-se, refere o movimento em comunicado: o PS orçamentou 360 mil euros e gastou 424 mil euros, 521 mil euros com IVA; e o PSD orçamentou 350 mil euros e gastou 348 mil euros, 428 mil euros se somarmos os 23% do IVA.
Já o Movimento Independente, há quatro anos, orçamentou 281 mil euros e gastou 303 mil euros.
"O que os factos nos demonstram é uma discrepância entre o que os partidos orçamentaram e depois o que efetivamente gastam. (...) E o que o PS e o PSD nos vêm dizer - depois de terem gastos nos anos anteriores, valores com IVA, sempre superiores a 400 mil euros e a 500 mil euros - é que se propõem gastar, o PSD 167 mil euros, e o PSD 200 mil euros. E, como os factos facilmente evidenciam, a credibilidade desses valores é nenhuma", disse.
A estes factos, acrescenta Francisco Ramos, acresce a evidência das últimas semanas, altura em que a cidade foi "inundada" de 'outdoors' de vários formatos e feitios, sendo que, no caso do PSD, até já mudaram de imagem.
"Os grupos de cidadãos eleitores independentes, para todas as candidaturas em todos os país, orçamentaram 2,6 mil de euros (já com IVA). Os partidos políticos orçamentaram 31 milhões de euros, sendo que, se os partidos políticos pagassem [IVA] como deveriam fazer (...), esses 31 milhões de euros, são 38 milhões de euros. Esta diferença evidencia também bem a capacidade gastadora dos partidos face ao rigor que as candidaturas independentes colocam nos seus orçamentos e nas suas despesas", rematou.
Os orçamentos de campanha dos grupos de cidadãos candidatos às eleições autárquicas totalizam 2,6 milhões de euros, sendo os movimentos independentes de Rui Moreira, no Porto, e de Isaltino Morais, em Oeiras, os que apresentam maiores despesas.
Dos 308 concelhos, apenas 64 contam com candidaturas de grupos de cidadãos, sendo que em quatro municípios há dois movimentos em cada: Albufeira (no distrito de Faro), Sabrosa (Vila Real), Redondo (Évora) e Castelo de Paiva (Aveiro).
Na lista dos maiores orçamentos, depois de Rui Moreira e Isaltino Morais, segue-se o movimento "Elisa Ferraz - Nós Avançamos Unidos", em Vila do Conde (distrito do Porto), com 125 mil euros, seguido de "Batalha é de Todos - Movimento Independente", com cerca de 91 mil euros, do "SEMPRE - Movimento Independente", em Castelo Branco, com 81.500 euros, do grupo de cidadãos "Pela Guarda - Autárquicas 2021", com 80.343 euros, e do movimento cívico "Unidos por Torres Vedras", com 80 mil euros.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.