Comissão parlamentar discute a morte de Odair Moniz, a atuação policial no Martim Moniz e o processo de implementação das 'bodycams'.
'Não é a polícia que representa uma ameaça, muitas vezes eles são as vítimas': MAI fala sobre a segurança no País
A ministra da Administração Interna, respondeu esta quarta-feira na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias sobre a morte de Odair Moniz, a atuação policial no Martim Moniz e o processo de implementação das 'bodycams'.
No início da audição, o deputado Fabien Figueiredo, do Bloco de Esquerda acusou o Governo de instrumentalizar as forças de segurança para resultados políticos, alegando existirem "xerifes" políticos que se intrometam no que à segurança diz respeito.
O deputado Paulo Machado, do Livre, lamentou que a operação criminal e polémica que se realizou a 19 de dezembro no Martim Moniz, em Lisboa tenha sido "apenas uma das aparatosas operações policiais" verificada nos últimos meses.
A ministra começou o discurso afirmando que para o Governo "a segurança é um valor e propriedade inabalável. Não se trata de um conjunto de palavras vazias e o reflexo de um compromisso que temos com os portugueses".
Margarida Blasco classificou "atos de vandalismo puro" os tumultos, nomeadamente autocarros incendiados, no âmbito da morte de Odair Moniz na Cova da Moura. Sobre o crime contra o motorista de Loures, Tiago Cascai, a ministra afirmou tratar-se de um "atentado ao Estado direito democrático".
Em resposta às acusações, Margarida Blasco garantiu que "não é a polícia que representa uma ameaça à ordem pública, pelo contrário, muitas vezes são eles as vítimas".
A ministra recuso a existência de uma ligação direta entre condições sociais e prática de crimes e adiantou que, em média, são agredidos três polícias por dia.
Durante a sua intervenção inicial na audição, Margarida Blasco, em referência aos atos de violência que aconteceram na sequência da morte de Odair Moniz, em outubro do ano passado na Cova da Moura, considerou que "não são as condições sociais e as situações de desigualdade que alimentam a violência".
"É um preconceito e é um insulto para milhares de portugueses a mera sugestão de que quem vive em contextos sociais duros e desafiantes tem maior probabilidade de infringir a lei e agredir outros cidadãos e elementos das forças de segurança", acrescentou a ministra.
Além de recusar qualquer ligação entre crime e condições sociais, a ministra quis ainda deixar claro que tal sugestão seria "não acreditar no funcionamento do elevador social" e recordou "os tempos" em que o número de pessoas em "contextos e condições sociais complexas" era superior e o número de crimes era menor.
"Num estado de direito democrático, cada pessoa, cada um de nós, tem de fazer uma escolha", acrescentou Margarida Blasco.
Ainda durante a sua intervenção inicial, Margarida Blasco quis sublinhar que "não é a polícia que representa uma ameaça para a ordem pública. Pelo contrário, demasiadas vezes, são eles as vítimas."
A deputada do Chega, Vanessa Barata, questionou a ministra sobre o processo de instalação de 'bodycams' por parte das forças de segurança.
Relativamente à possibilidade e necessidade das forças policiais adquirem novos equipamentos, a ministra da Administração Interna afirmou que o Governo "não economiza na proteção da vida e que está ao lado das forças de segurança e da lei". Margarida Blasco, anunciou que o Supremo Tribunal Administrativo deu razão ao Governo sobre a utilização de câmaras nos uniformes da polícia ('bodycams') e que o processo de implementação vai avançar.
No que à operação especial no Martim Moniz diz respeito, a ministra diz que a mesma se realizou por "indícios criminais" na referida zona como a "utilização de facas, de armas brancas, com 52 participações". Margarida Blasco reforçou que a operação "não foi determinada pelo Governo" e que a "polícia limitou-se a cumprir a lei e esteve acompanhada pelo Ministério Público".
"A polícia não vai à rua do Benformoso por livra vontade", rematou.
Perante as questões dos vários partidos, que quiseram que a ministra justificasse esta ação policial em concreto, Margarida Blasco repetiu, várias vezes, que este tipo de ações "são diferentes de outras ações de fiscalização".
Em relação ao processo que está a decorrer neste momento na IGAI, que é de natureza administrativa, a ministra adiantou apenas que "basta uma pequena denúncia" para que esta entidade avance para a abertura de um processo administrativo. "É um processo normalíssimo e decorrem às centenas por ano", acrescentou.
Margarida Blasco foi chamada à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias para explicar, além da operação do Martim Moniz, a morte de Odair Moniz, na Cova da Moura, Amadora, em outubro do ano passado, e o processo de implementação das 'bodycams'.
A audição de Margarida Blasco foi pedida pelo PS, Bloco de Esquerda, Livre, PCP e Chega.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.