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"O país há muito tempo anda com o rumo pouco definido", diz Gouveia e Melo

Questionado sobre se vê o setor da saúde sem rumo, Gouveia e Melo considerou que a questão está na estratégia e no modelo.

04 de novembro de 2025 às 13:35

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo disse esta terça-feira, em Felgueiras, que "o país há muito tempo anda com o rumo pouco definido", reiterando que "o que está a acontecer na saúde é um problema de organização".

"O que está a acontecer na saúde é um problema de organização que já vem a afetar o setor de saúde há algum tempo, não é a de agora. O problema é que, para resolver um problema de organização que implica com atores muito diversificados que estão a operar no sistema de saúde, é preciso ter coragem, é preciso fazer reformas estruturais e é preciso saber para onde é que se quer ir", disse o candidato.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita a uma fábrica de calçado, o almirante na reserva começou por não querer regressar ao tema da saúde e da continuidade ou não da ministra Ana Paula Martins, resumindo a sua opinião à frase: "O país há muito tempo anda com o rumo pouco definido".

"Andamos a governar para os telejornais, para os noticiários, para as pressões, e não andamos a governar para o médio e longo prazo, que é aquilo que transforma verdadeiramente o país", disse.

Questionado sobre se vê o setor da saúde sem rumo, Gouveia e Melo considerou que a questão está na estratégia e no modelo.

"Nós queremos um SNS [Serviço Nacional de Saúde] público com capacidade para dar segurança aos portugueses, principalmente aos portugueses mais desfavorecidos, ou queremos abrir caminho para uma privatização mais global do sistema de saúde português, indo para o sistema tipo americano com as consequências para a população mais desfavorecida. Como ninguém fala sobre isso, não há um rumo definido, não havendo um rumo definido, não há necessariamente políticas coerentes", considerou.

Questionado sobre qual o modelo que defende, Gouveia e Melo escudou-se no cargo ao qual se candidata: "Eu candidato-me à Presidência da República, não a um Governo executivo e esse problema é da governação", disse.

Para o almirante, "o que o Presidente tem que fazer é, interpretando a vontade de todo o povo, exigir uma boa governação", ou seja "exigir que esse caminho seja feito para um objetivo que seja servir a população", frisou.

Citando fontes próximas do Governo não identificadas, o Observador escreve hoje que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, deverá manter-se no Governo até à apresentação da lei de bases da saúde, prevista para dezembro.

O jornal escreve que fontes do Governo dizem que Ana Paula Martins está "frágil" e "muito cansada", mas que, por outro lado, é uma "mulher forte" e com "profundo conhecimento de um setor muito difícil".

Questionado sobre esta notícia, Gouveia e Melo disse notar que "a população, neste momento, já não entende porque é que o SNS tem tido estas falhas sucessivas", algo que "fragiliza necessariamente o Governo todo, não fragiliza só a senhora ministra da Saúde".

"Fragiliza o Governo todo e o senhor primeiro-ministro fará o entendimento político que achar do que é a opinião pública relativamente à postura do Governo, e ao desempenho do Governo. Há aqui uma coisa que parece, para mim, fundamental. Hoje, todos os Governos são muito escrutinados e houve, e ainda há, alguma tendência para uma fuga para a frente através de medidas que são demagógicas e anúncios demagógicos. Cada vez mais, a população quer saber, na realidade, com o que é que pode contar no dia-a-dia e não com anúncios demagógicos ou fugas para a frente", concluiu.

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