page view

PCP avisa que "democracia está sob ameaça" do fascismo e falta de concretização de direitos

Na sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril Manuel Loff considerou que, da Revolução dos Cravos, "saiu uma das mais arrojadas democracias do mundo".

25 de abril de 2023 às 13:39

O PCP alertou, esta terça-feira, que a "democracia está sob a ameaça" do fascismo e da falta de concretização de direitos e considerou que o Governo não pode celebrar o 25 de Abril enquanto deixa "degradar as condições de vida".

Discursando na sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril, no parlamento, o deputado do PCP Manuel Loff considerou que, da Revolução dos Cravos, "saiu uma das mais arrojadas democracias do mundo".

"Praticamente meio século depois do 25 de Abril e das melhores esperanças que nele depositaram milhões de portugueses, milhões de democratas por todo o mundo que sentiram a nossa Revolução como sua, a democracia está sob ameaça", alertou Manuel Loff na sessão.

Na opinião do deputado do PCP, essa ameaça à democracia ocorre "em todos os lugares, a começar por Portugal", onde não se cumprem "as naturais justíssimas, expectativas de quem espera que a democracia seja sempre acompanhada de bem-estar e justiça social", do direito à saúde, educação, habitação, trabalho com direitos e garantias, uma infância feliz ou uma velhice com dignidade e qualidade de vida.

"Sempre que algum ou todos estes direitos se não concretizam nas nossas vidas, alimenta-se a descrença na democracia e esta estará sempre ameaça", sustentou.

Com os membros do Governo a ouvi-lo, Manuel Loff criticou diretamente o executivo, salientando que quem tem responsabilidades executivas não pode "comemorar o 25 de Abril, a Revolução e a democracia e ao mesmo tempo deixar degradar a condição de vida dos portugueses".

Quem tem responsabilidade executivas não pode comemorar o 25 de Abril "depois de se terem enterrado incontáveis recursos públicos no apoio aos grandes grupos económicos e financeiros ou a cativar dinheiro do Estado, de todos nós, para lograr as chamadas 'contas certas', as mesmas que nunca estarão certas sem se assegurar condignamente o funcionamento dos serviços públicos de que se faz para todos nós a democracia no dia a dia", acrescentou.

No entanto, o deputado do PCP salientou que a ameaça à democracia se faz também "pelo fascismo", acrescentando que "é ilusório" julgar que "o assalto da extrema-direita fascista está a fazer ao poder deixa incólume a democracia".

"Importa, pois, que quando se celebra a democracia e a liberdade não se desvalorize o significado desta ameaça, trivialize a mentira, a manipulação, o racismo, o branqueamento dos crimes e da violência fascista e colonial do passado, o oportunismo descarado ao fingir defender-se hoje o que no passado sempre se rejeitou", frisou, recebendo aplausos da bancada do PCP e do BE.

Neste ponto, Manuel Loff aludiu à situação no Brasil, saudando os "democratas brasileiros", incluindo o atual Presidente, Luiz Inácio 'Lula' da Silva, pela sua luta para "derrotar o que foi a maior ameaça, absolutamente real, contra a democracia brasileira desde o fim da ditadura civil-militar".

Dirigindo-se depois diretamente aos cidadãos portugueses e a quem constrói o seu futuro em Portugal, o deputado do PCP sublinhou que o 25 de Abril foi feito por "gerações de resistentes, e os comunistas em primeiro lugar", que deram "o melhor de si, e tantas vezes a própria vida", para conseguir "liberdade, direitos, uma sociedade justa".

"O 25 de Abril tem agora de continuar a ser feito por nós, por quem acredita nesses valores que permanecem, sabemo-lo hoje melhor do que nunca, a solução para os problemas estruturais do nosso país", vincou.

Manuel Loff salientou que, "as multidões que saem por estes dias à rua", fazem-no "com a força inesgotável dos valores de Abril" e recordando "que não há democracia sem justiça social".

"A Grândola de Zeca Afonso, a 'terra da fraternidade' onde 'o povo é quem mais ordena' tem de ser cada uma das nossas cidades e aldeias de um país verdadeiramente democrático", concluiu.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8