A TAP pagou a cada um dos 35 trabalhadores que saíram da empresa, no ano passado, indemnizações superiores a 200 mil euros. Deste universo de funcionários, 12 receberam prémios superiores a 250 mil euros e um foi contemplado com uma compensação no valor de 330 mil euros. No total, a empresa gastou mais de 7,7 milhões de euros em indemnizações aos 35 trabalhadores.
A revelação destes pagamentos milionários é feita por Christine Ourmières-Widener na resposta ao projeto de demissão de CEO da TAP que recebeu da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), enquanto entidade que detém a quase totalidade das ações detidas pelo Estado na TAP. A ainda presidente executiva da TAP, que iniciou funções em junho de 2021, alega que desconhecia os valores destas indemnizações, por cessação do contrato de trabalho, até 26 de março último.
Apesar da grandeza dos montantes dessas compensações financeiras, Christine, por comparação com o caso Alexandra Reis, manifesta, na sua defesa, a sua surpresa: “Registou, no entanto, que tais compensações não causaram qualquer perplexidade a quem deles conhecia.”
O caso Alexandra Reis, que recebeu uma indemnização de 500 mil euros para sair da TAP, não é único: Maximilian Otto Urbahn, ex-administrador da TAP próximo de David Neeleman, fez, em 2018, um acordo de pré-reforma com a empresa no valor de 1,35 milhões de euros. O caso foi revelado por Mariana Mortágua, deputada do BE, na última audição na comissão parlamentar de inquérito à TAP. Na companhia aérea, na qual ingressou como diretor comercial em 2016, o gestor tinha as seguintes regalias: salário de 420 mil euros por ano, um prémio máximo até 315 mil euros, subsídio mensal de 1000 euros por filho, subsídio anual de alojamento de 84 mil euros e despesas de mudança até 20 mil euros. Se na mudança optasse por vender a casa em Nova Iorque, teria direito a um ‘bolo’ de 25 mil euros para despesas.
Revela valor elevado do fundo para compensações
O administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires, revelou na audição, na comissão parlamentar de inquérito à TAP, que a TAP tinha, em fevereiro de 2022, uma provisão de 27 milhões de euros para indemnizações. Deste valor, 2,3 milhões eram para compensações não previstas.
Contribuintes injetam
Os contribuintes meteram 3,2 mil milhões na TAP, por via do plano de reestruturação. Saíram cerca de dois mil trabalhadores. Agora, a TAP está a contratar pessoal.
Considerado ilegal pela empresa
Os advogados da TAP consideraram ilegal o acordo de pré-reforma de Maximilian Otto Urbahn. Segundo o administrador Gonçalo Pires, os advogados pediram a devolução da verba, mas sem sucesso.