Corte de visitas e fecho nas celas levam a motins nas prisões

Paralisação até janeiro deixa reclusos com visitas, telefonemas e idas a bares limitadas.

06 de dezembro de 2018 às 01:30
Em Custoias foi necessário recorrer a disparos de bala de borracha para controlar ‘protesto pacífico’ ao almoço Foto: CMTV
Motim no Estabelecimento Prisional de Lisboa Foto: Direitos Reservados
Motim no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Detidos incendiaram caixotes do lixo Foto: Direitos Reservados
Bombeiros controlam chamas na prisão de Lisboa Foto: CMTV

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Em dois dias, terça e quarta-feira, ocorreram três motins em cadeias – Linhó, Lisboa e Custoias – e uma greve ao jantar – em Santa Cruz do Bispo, Matosinhos. A perspetiva de greves contínuas dos guardas até ao início de 2019 torna, segundo os próprios, as prisões num "barril de pólvora".

Além das visitas reduzidas, os reclusos estão, por exemplo, impedidos de fazer telefonemas, utilizar os bares e beneficiar da medicação prescrita.

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Na terça-feira, a revolta invadiu as cadeias de Linhó e Lisboa. Na primeira, os guardas vestiram o equipamento antimotim, devido à violência dos reclusos.

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Pelas 19h00, na ala B da prisão de Lisboa, 190 presos, uma hora depois de saberem que no dia seguinte não iriam ter visitas, incendiaram caixotes do lixo e atacaram os guardas.

Cerca de 30 guardas resolveram a situação, sem recurso a uma intervenção do GISP.

Ontem de manhã, em Custóias, 400 reclusos, no que os Serviços Prisionais chamaram de "protesto pacífico", recusaram-se a ir almoçar. Foram dispersados com recurso a balas de borracha e só assim regressaram às celas.

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Ao final da tarde, 200 reclusos da cadeia masculina de Santa Cruz do Bispo, recusaram-se a jantar.

Agressores da Juve Leo na ala ao lado

O motim que abalou a ala B da cadeia de Lisboa, na terça-feira à noite, ocorreu perto do local onde estão detidos muitos dos presos preventivos à ordem do processo da invasão à Academia de Alcochete.

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Inúmeros membros da claque do Sporting, Juventude Leonina, estão na ala A.

Críticas de ministra contra "quem cria dificuldades" não demove luta de guardas

A ministra da Justiça afirmou que "castigar quem está preso não é a melhor forma de reagir" contra o Governo, numa alusão à greve dos guardas. Reconhecendo as "condições difíceis" em que trabalham os guardas, Francisca Van Dunem lembrou que esta classe "foi a primeira com quem trabalhámos".

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Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional dos Guardas, refuta: "Esperamos desde abril pela negociação do novo estatuto. As carreiras estão estagnadas. A luta vai continuar", promete Jorge Alves.

PORMENORES 

Guardas em vigília

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No dia em que começa um período de 17 dias de greve (que termina a 23 de dezembro), o Sindicato Nacional da Guarda Prisional organiza hoje uma vigília junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, que termina na 6ª feira.

Manata culpa plenário

O diretor-geral das prisões, Celso Manata, atribuiu culpas ao plenário convocado pelo Sindicato dos Guardas para ontem, como motivo de revolta dos reclusos. "A situação foi controlada. Prometemos abrir novo concurso de guardas", disse.

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Direção-geral sabia

Pedro Silvério, do Sindicato Nacional dos Guardas, culpou a direção-geral pelo motim em Lisboa. "O aviso dos plenários foi feito há uma semana, e só uma hora antes dos distúrbios os reclusos souberam", referiu.

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