Polícia sequestra suspeito de furto no Seixal
Chefe da PSP agrediu, apontou pistola e ameaçou: “Mato-te”. Tribunal condenou-o a quatro anos e 6 meses com pena suspensa.
É um ás da investigação criminal da PSP. De tal forma que foi chamado a uma comissão de serviço no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Mas o chefe da Polícia perdeu a cabeça, em 2015, no Seixal, e atacou um homem que suspeitava ter retirado maquinaria de um talho que era arrendado pelos seus sogros.
O Tribunal da Relação de Lisboa, em acórdão a que o CM teve acesso, vem agora confirmar a pena a 4 anos e 6 meses de prisão, suspensa, a que o chefe da PSP foi condenado em junho de 2018, em Almada, por coação agravada, sequestro, falsificação e ameaça agravada. Tem de pagar, no prazo de 18 meses, 10 mil euros à vítima e 1800 à Comissão de Proteção às Vítimas de Crimes.
A vítima foi alvo de queixa da mulher do polícia por suspeita de furto no talho. O chefe da PSP, à civil, encontrou-o num café e, segundo refere o acórdão, "agarrou-o pelo pescoço e agrediu-o". Levou-o para a rua, identificou-se com a carteira profissional, deu-lhe "um murro" e perguntou pelas máquinas do talho. "Agarrou num objeto com a configuração de uma pistola, que transportava à cintura (...) apontou-o ao corpo [da vítima] e disse-lhe: ‘se não resolves em 48 horas, mato-te... eu sei onde tu moras’", descreve o acórdão.
Uma patrulha da PSP levou a vítima, algemada, para a esquadra da Torre da Marinha, Seixal. O chefe libertou-o (com cortes no sobrolho e óculos partidos) e um dia depois fez um aditamento à queixa por furto alegando que o homem resistiu e tentou fugir, o que o juiz considerou ser falsificação.
Três meses depois, o polícia viu a vítima na Amora e "passou a mão aberta pela zona do pescoço". Disse-lhe: "Da próxima vez vais ficar sem cabeça." Saiu do carro: "Mano a mano." Ainda recorreu da pena, mas perdeu.
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