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Hacker foi ouvido pelo Ministério Público e levantou suspeitas sobre operações da empresa de Vieira no Brasil.
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No depoimento, que o CM consultou esta semana no DCIAP, o Ministério Público refere que Rui Pinto, quando foi questionado, afirmou: “Recorda-se de ter ficado com a ideia de se tratar de um esquema envolvendo as empresas Doyen Capital LLP, com sede no Reino Unido, Promovalor, de Luís Filipe Vieira, e a Odebrecht, no Brasil.” Em causa, segundo o depoimento do criador do Football Leaks ao MP, estará o empreendimento da Reserva do Paiva, no Brasil.No depoimento refere-se ainda que Rui Pinto afirmou que “o acervo de informação analisado pelo ‘Intercept Brasil’ reportava-se a subornos efetuados pela Odebrecht Brasil e pela Promovalor, controlada também por Luís Filipe Vieira e o filho Tiago Vieira”.O presidente do Benfica está também sob pressão no caso Lex. Em causa está o processo de Rangel no Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra, em que Vieira é suspeito de ter pedido ajuda a Rangel. Sintra e IC19 eram nomes de código.Algumas escutas deste processo, esta quarta-feira reveladas pela TVI, dão conta do conteúdo das conversas. Em março de 2017, Vieira pergunta a Rangel: “Rui, aquela situação. Achas que podemos ir a Sintra na próxima semana?” Resposta de Rangel: “Está a andar. Depois combinamos ir lá.”Em julho de 2017, Vieira fala com o juiz: “Está sempre no meu pensamento. Sintra, Sintra, Sintra. Quando resolvemos isso? Rangel responde: “Nunca esqueço os amigos.”O advogado João Medeiros, assistente no processo Doyen, revelou esta quarta-feira em tribunal que o roubo dos seus emails , através da invasão aos servidores da sociedade PLMJ, alegadamente por Rui Pinto, aconteceu depois de ter assumido a defesa do Benfica, em setembro de 2018. Pormenores Acesso feito "de dentro" Através de um falso link do Ministério das Finanças, que o MP acredita ter sido criado por Rui Pinto, o hacker conseguiu invadir o computador do administrador de sistemas da PLMJ. Assim, ganhou acesso remoto a qualquer um dos 600 computadores e 912 caixas de correio. Medeiros culpabilizado "Cada vez que íamos a sessão do E-Toupeira eram publicados áudios das testemunhas do processo", confessa o advogado, que sentiu alguma tensão por parte dos colegas. "Senti que me culpabilizaram", afirmou. Em estado de "paranoia" João Medeiros admite que entrou num estado de "paranoia", devido ao caso. "Se uma pessoa passava por mim na rua e sorria, eu achava que se estava a rir de mim", justificou. Sem pedido de desculpas Questionado sobre se Rui Pinto lhe tinha pedido desculpas ou mostrado arrependimento, como manifestou na contestação, João Medeiros disse: "Nunca falei com o arguido." Tinha fotos de família O computador de Medeiros "tinha coisas pessoais, como fotos dos filhos, das férias de família", mas também trocas de emails com a mulher do advogado e até "documentos do banco, contas da água e luz". "Vivíamos em sobressalto", contou. Recebe chamada de país de leste no último dia do ano João Medeiros revelou que recebeu uma chamada "de Leste" às 00h00 de dia 31 de dezembro de 2018, logo depois de a sua caixa de email ser divulgada no blogue Mercado do Benfica. A pessoa que ligou "ria e desejava que eu tivesse um bom ano de 2019". Questionado por Teixeira da Mota, disse que o número era da Roménia. Sabia isso porque teve uma empregada romena e até pensou que fosse ela a ligar, mas não conseguiu identificar o sotaque de quem lhe ligou. Ministério Público usa email roubado Dois anos depois do ataque informático à sociedade de advogados PLMJ, João Medeiros diz que o Ministério Público citou um dos emails que foram divulgados no blog Mercado do Benfica, numa resposta enviada no âmbito do processo das rendas da EDP. Em causa está um email trocado entre os advogados João Medeiros e Sá Fernandes, que defendem António Mexia e Manuel Pinho, respetivamente, sobre a estratégia de defesa. Segundo revelou, o email surgia citado numa nota de rodapé numa resposta a uma contestação. Divulgados 29 mil emails de Medeiros João Medeiros viu a totalidade da sua conta de email publicada no blogue Mercado do Benfica. No total, são mais de 9 GB de informação, cerca de 29 mil emails que, segundo o Ministério Público, terão sido divulgados por Rui Pinto naquela plataforma. O hacker terá acedido ao computador do advogado, tornando públicos processos inteiros e informações protegidas por segredo de justiça sobre casos como o E-Toupeira, os Vistos Gold ou o processo da EDP. Só da Operação Marquês, cujo principal arguido é José Sócrates, foram publicados 65 volumes. A invasão, feita com credenciais roubadas a um técnico informático da PLMJ (ver pormenores), chegou a expor "informação sujeita a Segredo de Estado", já que Medeiros representou Silva Carvalho no processo das secretas. Questionado pela procuradora Marta Viegas sobre se documentos publicados no blogue eram do seu computador, ou de algum colega da equipa, identificou alguns como sendo seus e outros como retirados do computador de Inês Almeida Costa. Filha de procuradora "é fã" de Teixeira da Mota Antes do julgamento começar, uma procuradora confessou a Teixeira da Mota que a filha "é fã" de Pedro Teixeira da Mota, filho do advogado do hacker, que é comediante e youtuber. "Lá em casa só se fala do Rui Pinto", revelou. Inspetor da PJ ouvido em tribunal O julgamento continua esta quinta-feira com a inquirição de outros dois advogados do escritório PLMJ que à data integravam a equipa de João Medeiros. Segue-se depois a inquirição da primeira testemunha de acusação. Trata-se de um inspetor da PJ.
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