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Burlão salva os seus bens

O contabilista e ex-autarca da Batalha Rui Trovão, suspeito de desviar 1,7 milhões de euros aos clientes, dinheiro que estes lhe confiavam para pagar impostos, terá feito tudo para acautelar o seu património antes de o escândalo ser tornado público – foi ontem revelado numa reunião em que estiveram os representantes legais de quatro dezenas de empresas lesadas.

03 de maio de 2009 às 00:30

"Antes disto rebentar, ele divorciou-se da mulher – embora continuem a viver juntos – e fez escrituras para passar os seus bens para o nome de outras pessoas", denunciou Carlos Crespo, sócio-gerente da Cobermetal e um dos mais prejudicados pela burla.

Pelas contas que fez até agora, o empresário tem uma dívida de 295 mil euros ao Fisco e à Segurança Social, que julgava estar liquidada. Parte deste dinheiro, foi desviada "com o recurso à falsificação de cheques". Os clientes endossavam cheques ao Instituto da Segurança Social ou aos CTT para pagamento das contribuições e entregavam-nos na Contibatalha, gabinete de contabilidade liderado por Rui Trovão. Só que o nome do destinatário era alterado e quem recebia as verbas era a Contibatalha.

Com este método, o ex-autarca deixou em dificuldades muitos dos clientes, agora a contas com dívidas cujos valores podem levar ao estrangulamento financeiro das empresas. "Custa--me aceitar que uma pessoa destas tenha sido capaz de fazer o que fez a uma comunidade como a nossa, sem poupar pessoas de família e amigos de longa data", lamenta Carlos Crespo. "Se não nos unir-mos, estamos a incentivar a burla e o crime", adiantou o empresário.

HOTÉIS A 500 EUROS A NOITE

"O Rui andou iludido com vidas que não podia concretizar. Por isso, deve ser penalizado e obrigado a pagar o que nos deve", afirmou ontem um dos empresários presentes na reunião da Batalha. Nas várias intervenções, foram referidas algumas extravagâncias do contabilista, como "pagar 500 euros por noite num hotel, ou viajar para Veneza e Miami", mesmo em alturas de crise. Os lesados ponderam pedir a insolvência da Contibatalha para tentar recuperar o dinheiro desviado.

PORMENORES

CRÍTICAS À JUSTIÇA

Os lesados criticam a aparente apatia das autoridades policiais e judiciais em relação a este caso. "Admira-me que nem à Contibatalha tenham ido", lamentou um empresário.

APELO

O grupo de trabalho eleito ontem está a fazer um apanhado dos valores em dívida para entregar ao governador Civil de Leiria, na próxima quarta-feira.

PERDÃO

Os empresários pretendem obter um perdão total ou parcial da dívida em impostos por parte da administração central. Caso contrário, algumas empresas podem encerrar.

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