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Começa julgamento de sequestro de idosa e filho deficiente

Crimes remontam a 2008 e 2009.

12 de janeiro de 2015 às 09:59

O Tribunal de Santarém começa a julgar no dia 20 um caso de sequestro, extorsão e violência doméstica, crimes cometidos em 2008 e 2009 na localidade da Fajarda, no concelho de Coruche, sobre uma idosa e o filho, deficiente profundo.

No banco dos réus vão estar seis familiares das vítimas, dois dos quais, um filho e a nora, em cuja casa residiam desde 2005, sendo acusados de ter cometido "em coautoria material na forma consumada (...) dois crimes de sequestro, dois crimes de extorsão, dois crimes de violência doméstica".

Segundo a acusação do Ministério Público, consultada pela agência Lusa, R. e a mulher, G., mantiveram a idosa, atualmente com 73 anos, e o filho, com 46 anos, entre julho de 2008 e agosto de 2009, "presos em casa a cadeado, isolados e sem contacto com o exterior", tendo ambos "passado fome e sede, sofrido maus-tratos, além de terem sido privados de cuidados de higiene e médicos".

O casal, com a "cumplicidade e o auxílio" de duas filhas (netas da ofendida) e de uma nora - também arguidas no processo -, "delineou um plano e obrigou" a idosa a abrir uma conta bancária em nome do filho R., passando os cinco arguidos a usufruir de "todas as quantias depositadas", nomeadamente a reforma da idosa e duas pensões.

A situação da mãe e do filho portador de deficiência profunda do foro psiquiátrico associada a deficiência motora, totalmente dependente de terceiros, agravou-se após a morte do marido da vítima, em julho de 2008, altura em que os arguidos "se apoderaram do cartão multibanco e da caderneta e passaram a movimentar livremente" o dinheiro da reforma e das pensões das vítimas.

Idosa e filho deificente estiveram "encarcerados 57 semanas"

Os dois estiveram "encarcerados 57 semanas", em quartos separados, período durante o qual a mulher foi "reiteradamente agredida com bofetadas, murros e pancadas na cabeça" pelo filho e pela nora.

O casal também agrediu a outra vítima, tendo G., por várias vezes, colocado o cunhado despido na banheira "onde permanecia a maior parte do dia". O MP acrescenta que este, "por sofrer de doença mental e ser privado de alimentos, chegou a comer pedaços de lençol e de cobertor", tendo passado a dormir num colchão forrado apenas com plástico, o que lhe provocou diversas escoriações nas costas.

Os dois foram proibidos de qualquer contacto, apesar do casal saber da forte ligação afetiva existente entre os dois, acrescenta a acusação. Por seu turno, as duas netas "desferiram, por diversas vezes, estaladas e bofetadas" na avó. Numa das situações, atiraram-na ao chão e "pontapearam-na em várias partes do corpo".

Após a detenção do casal, ocorrida a 31 de agosto de 2009, e depois de as duas vítimas terem sido acolhidas na Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, foram efetuados vários movimentos nas contas dos ofendidos, que o MP atribui às outras três arguidas. Há ainda um sexto arguido - marido de uma das acusadas - que vai responder por um crime de detenção de arma proibida.

O julgamento, com 26 testemunhas, tem primeira sessão de audiência marcada para o próximo dia 20, tendo o processo transitado do Tribunal de Coruche para o de Santarém com a reorganização do mapa judiciário.

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