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Confessa ter morto a mulher à facada

Homicida de 67 anos disse ao tribunal estar arrependido.

06 de maio de 2015 às 19:50

O homem acusado de ter matado a mulher com golpes de faca de cozinha, em Paredes, admitiu esta quarta-feira o ato, mas disse ao tribunal estar arrependido e que não tinha intenção de tirar a vida.

Raul Martins da Silva, de 67 anos, explicou o homicídio, praticado no dia 30 de agosto de 2014, na habitação do casal, em Lordelo, Paredes, como reação ao facto de a mulher, de 66 anos, lhe ter dito, pouco antes do incidente, que o traíra três vezes e que tinha intenção de o voltar a fazer.

Naquele momento, Fernanda Torres também terá avisado o marido que iria mudar-se para a casa de uma irmã, na Maia, para "nunca mais voltar". "Eu faço o que quero e tudo fazes o que queres", terá dito a vítima, segundo o relato do arguido em tribunal.

"Estou muito arrependido, mas eu estava totalmente perdido e já não via nada à minha frente", afirmou o arguido, chorando perante o coletivo do Tribunal de Penafiel.

Atinge mulher à facada

"Revoltado", Raúl Silva pegou numa faca de cozinha e atingiu a mulher, que estava deitada numa cama, com vários golpes. Segundo o arguido, Fernanda Torres tentou fugir e nesse momento, já fora da habitação, foi atingida nas costas por três golpes. Ao todo, segundo a acusação, foram desferidos 14 golpes.

"Fiquei cego", exclamou o homicida, murmurando: "Nunca tinha pensado tirar a vida à minha mulher". Gravemente ferida, pouco depois das 16h00, a vítima pediu ajuda aos vizinhos. Apesar de transportada de ambulância para o Hospital de Penafiel, Fernanda Torres acabou por morrer, segundo a acusação, em resultado dos golpes profundos que sofreu na zona pulmonar.

Após o crime, Raul Silva trocou de roupa e deslocou-se de carro para o posto da GNR de Lordelo, onde se entregou, confessando o crime.

Desconfiava que a mulher tinha um amante

Ao tribunal, o homicida disse esta quarta-feira que sofria, há vários anos, com a desconfiança de que a mulher teria um amante, mas que nunca tivera a coragem de a confrontar com a suspeita.

"Nunca tive coragem de falar com ela nem contei nada a ninguém. Aguentei tudo", afirmou o arguido. Declarou também que, cerca de três meses antes do incidente, fora gozado por clientes que frequentavam o mesmo café e que insinuavam que ele estava a ser traído. "Eu ficava muito revoltado", declarou.

O suspeito acrescentou ao coletivo que gostava da mulher, com quem estava casado há 49 anos e com quem tivera cinco filhos, não suportando a ideia de poder perdê-la. Afirmou até que não se importava de dormirem em camas separadas, o que já acontecia há meio ano, "só para manter as aparências" junto dos filhos e dos vizinhos.

Homicídio não premeditado

Na sessão desta quarta-feira, um inspetor da Polícia Judiciária disse ao tribunal ter ficado convencido de que o homicídio não tinha sido premeditado pelo arguido.

"Ele estava triste, arrependido e destroçado", contou, referindo-se ao estado em que encontrou Raul Silva nas perícias após o homicídio.

Questionado sobre uma faca encontrada no seu carro, o suspeito disse que a colocou lá para um dia se suicidar, negando que se destinasse a matar o suposto amante, como declarara perante a juíza de instrução que ordenou a sua prisão preventiva.

A próxima sessão ficou marcada para o dia 20 de maio, às 14h00, data em que deverá ser presente o relatório da perícia psiquiátrica feita ao arguido.

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