Auto de notícia elaborado pela PSP "padece de incongruências e de inexatidões".
O Ministério Público (MP) acusou o agente da PSP envolvido na morte de Odair Moniz, no bairro da Cova da Moura (Amadora), em Lisboa, de homicídio . De acordo com a acusação a que o CM teve acesso, a vítima foi atingida com um bastão depois de ter sido baleado duas vezes pelo agente da PSP.
"Estando os corpos do arguido e Odair próximos, a uma distância entre 20 cm. e 50 cm., o agente, com o intuito de o afastar de si e poder imobilizá-lo de imediato, apontou em frente para a zona do tórax de Odair e disparou um tiro que atingiu este na zona anterior esquerda do tórax. Odair permaneceu em pé. No segundo imediato, o arguido vendo Odair ainda de pé, afastou-se deste, andou uns passos para trás, e, a uma distância entre 75 cm. e 1 metro, e estando Odair de frente para si, com a arma de fogo na sua mão direita apontou ligeiramente para baixo na direcção de Odair e disparou um tiro na direcção deste, atingindo-o na zona genital e na perna direita. Odair caiu no solo tentando amparar a queda a com as mãos. Quando Odair caiu no chão, o agente da PSP com recurso ao bastão desferiu uma pancada no corpo daquele e o corpo rolou e imobilizou-se na posição de decúbito dorsal", refere o documento.
A acusação diz ainda que o auto de notícia que foi feito pela PSP "padece de incongruências e de inexatidões". Uma das suspeitas diz respeito à autoria do auto, uma vez que o documento indica que o mesmo foi elaborado às 14h55, do dia 21 de outubro de 2024, por um dos agentes, a mesma hora em que este estava a ser sujeito a interrogatório pela Polícia Judiciária.
O interrogatório pelas 14h40 e só terminou pelas 18h00 e teve lugar na DLVT – PJ, em Lisboa.
No despacho não são referidas ameaças com recurso a arma branca por parte de Odair Moniz ou que esteve empunhava uma faca, como é assinalado no auto de notícia. A informação do Ministério Público contraria o comunicado oficial divulgado pela PSP no dia da morte de Odair Moniz, que indicava que Odair "terá resistido à detenção" e tentado agredir os agentes "com recurso a arma branca".
Sabe o CM que depois do corpo ter sido retirado do local, foi encontrado um punhal, mas não foram encontrados vestígios de ADN que provassem que este pertencia à vítima.
Segundo a acusação Odair conduzia com álcool no sangue.
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