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Eduardo Dâmaso lança livro que analisa processos de corrupção dos últimos anos

Páginas escritas por diretor da revista 'Sábado' abordam casos como a Operação Marquês, Face Oculta, Operação Furacão e Universo Espírito Santo.

15 de setembro de 2019 às 09:35

Eduardo Dâmaso, diretor da revista ‘Sábado’, é o autor do livro ‘Corrupção, a breve história do crime que nunca existiu’. Nas mais de 300 páginas do livro, o jornalista vai passando em revista todos os casos de corrupção que nas últimas décadas abalaram o País.

Lembra que a corrupção endémica representa 8% do PIB, mas continua a ser um crime sem castigo. Passa pelos casos Marquês, Face Oculta, Operação Furacão e Universo Espírito Santo e fala também das elites política, económica e jornalística que continuam a fazer fortunas na impossibilidade de o Estado punir os criminosos.

Eduardo Dâmaso diz que, nos últimos 40 anos, pouco mudou no combate à corrupção e aos crimes económicos a ela associada. E que Portugal continua a ignorar mais de 70% das recomendações da União Europeia.

"Este livro procura demonstrar, através do cruzamento de alguns dos grandes casos judiciais, sobretudo dos anos 80 e 90, com os ciclos políticos, que o poder legislativo e o direito foram transformados no grande instrumento de criação das oportunidades de corrupção e, ao mesmo tempo, da impunidade", diz o jornalista que explica que "o Código Penal e a legislação penal avulsa estão cheios de crimes inaplicáveis, como o tráfico de influências, pelo menos até à prisão de Armando Vara".

Eduardo Dâmaso fala ainda do crime de gestão danosa, que só se aplica ao setor público e cooperativo, garantindo que por isso não se aplica aos bancos. "O próprio Código dos Contratos Públicos, que em dez anos já teve nove revisões, é um monumento à hipocrisia política. Foi feito em nome da transparência mas é a lei mais opaca que temos. Basta ver como tem sido sucessivamente contornado pelos autarcas ultimamente visados em investigações".

"O livro é um testemunho de 38 anos de trabalho jornalístico. Procura evidenciar a falta de vontade política em construir um sistema global e coerente de combate e prevenção da corrupção", conclui.

A propaganda de vitimização dos amigos de Sócrates

No livro, Eduardo Dâmaso escreve que após a detenção de Sócrates, a TVI foi usada como veículo de propaganda para defender o ex-primeiro ministro.

Diz ainda que Sérgio Figueiredo, diretor de informação da TVI e "autoproclamado amigo do ex-primeiro-ministro", a par com a Global Notícias, de Proença de Carvalho, centraram o discurso na vitimização. Diziam que eram "tudo bagatelas e uma verdadeira perseguição".

"O espetáculo da tribo de apoiantes destes bons arguidos, desta boa moeda social, foi tão deprimente na acefalia do apoio acrítico como, depois, no mea culpa lancinante, quando saiu a acusação do Ministério Público e se constatou que o edifício de factos e provas era esmagador".

Numa recente entrevista ao Observador, Sérgio Figueiredo afirmou: "Não era amigo dele, ao contrário dos amigos que ele tinha, e que deixou de ter."Ao CM, Figueiredo recusou comentar as acusações de Eduardo Dâmaso.

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