Quando a pá da máquina escavadora caiu no tejadilho da carrinha blindada de transporte de valores, o condutor só teve tempo de meter a marcha-atrás e acelerar a fundo – acabando por fazer dez quilómetros em contramão, na fuga à armadilha montada na A2 por um gang que, pela segunda vez em 15 dias, tentou um golpe milionário. <br/><br/>
Tudo aconteceu anteontem à noite, ao km 218 da auto-estrada, depois do nó de Messines, sentido Algarve-Lisboa, numa zona de obras onde estavam parados um camião e a escavadora usados na armadilha. Esperavam pelo blindado da Esegur – que iria passar pelas 23h00 com mais de um milhão de euros.
O condutor do blindado foi forçado a parar, mas, quando se viu encurralado por um jipe que encostou à sua traseira, fez marcha-atrás durante 500 metros até conseguir fazer inversão de marcha. Depois conduziu dez quilómetros em contramão na A2 até conseguir alcançar o posto da GNR de Messines.
Foi o segundo ataque do gang a blindados da Esegur, na A2, em 15 dias. O primeiro ocorreu na zona de Grândola e foi utilizado um autocarro da discoteca Kadoc para barrar a auto--estrada (ver caixa). A Judiciária acredita que os dois ataques são do mesmo gang.
Anteontem, o blindado da Esegur fazia o serviço expresso de transporte de dinheiro entre o Algarve e Lisboa, quando foi barrado por um camião-cisterna que se atravessou na via. Ao mesmo tempo, um jipe de matrícula holandesa cruzou-se com o blindado e atravessou-se atrás dele. "A reacção foi meter marcha-atrás e acelerar para sair dali. Foi por milímetros que a escavadora não conseguiu capotar a carrinha", diz ao CM fonte da Esegur. A máquina arrancou a escotilha do blindado e um espelho. O sangue-frio do condutor salvou mais de um milhão de euros.
O condutor fez dez quilómetros em contramão, na via de emergência com os alarmes ligados e a fazer sinais de luzes. Cruzou-se com uma segunda carrinha da Esegur, que parou. Os dois ocupantes do blindado conseguiram avisar a GNR, que montou cerco no local. Os assaltantes tentaram fugir no Mitsubishi Pajero destruído, mas a viatura parou.
Terá havido troca de tiros com a GNR, mas o gang fugiu a pé pelos montes.
AUTOCARRO USADO NO PRIMEIRO ATAQUE
Há cerca de duas semanas foi usado um autocarro da discoteca Kadoc, furtado no Algarve, para ‘barrar’ a auto-estrada quando um blindado da mesma empresa passava na zona de Grândola, no Alentejo. A emboscada, no sentido Lisboa-Algarve da A2, correu mal e o autocarro foi incendiado em plena auto-estrada.
ATAQUE RENDE 2,5 MILHÕES
Em 2008, uma emboscada quase semelhante na A2 rendeu cerca 2,5 milhões de euros ao grupo de cinco assaltantes que fez o ataque. Foi mesmo considerado o roubo do século – e até hoje nunca foram apanhados.
A carrinha blindada da empresa de transportes da Prosegur foi assaltada com recurso a explosivos, na auto-estrada do Sul, próximo de Aljustrel. Estava carregada de dinheiro. Fontes contactadas pelo CM garantiram na altura que o valor andaria próximo dos 2,5 milhões de euros, quantia essa que se destinava a abastecer as mais de 730 caixas multibanco da zona do Algarve.
Além dos explosivos, os assaltantes usaram armas com miras laser, métodos inéditos em Portugal. A forma como o roubo aconteceu e também a quantia em causa revelaram que o grupo de cinco homens sabia exactamente o que procurava. Tudo indica que tivessem informação privilegiada, podendo mesmo saber a hora exacta do transporte daquela quantia e a rota escolhida.
As suspeitas recaíram sobre um grupo composto, entre outros, por franceses e italianos. Já teriam sido detectados um ano antes na região algarvia, acredita a Polícia Judiciária.
CRIME COM METRALHADORA
Há duas semanas, um grupo de encapuzados armado com metralhadora assaltou uma carrinha de valores da Esegur, no interior do cais de cargas e descargas do Minho Center, em Braga. O crime ocorreu pelas oito da manhã. O grupo usou um todo-o-terreno.
PJ DETEVE CINCO EM FRANÇA POR ASSALTO A BLINDADO EM COIMBRA
Há dois anos, uma forte explosão seguida de tiros de metralhadora na via rápida de Taveiro, em Coimbra, fez parar uma carrinha de transporte de valores, igualmente da empresa Esegur. O grupo usou duas carrinhas furtadas para acompanhar a carrinha, que tinha acabado de sair da sede da empresa. Os assaltantes detonaram a bomba na carrinha blindada e fugiram em dois automóveis topo de gama com um pouco mais de um milhão de euros.
Os cinco homens foram detidos em Abril deste ano numa operação em Portugal e França, pela posse de material suspeito de ter sido usado no assalto.
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