page view

Serviços públicos da justiça fecham por falta de pessoal

Serviços do Instituto dos Registos e do Notariado encerram por falta de recursos humanos dado No Registo de Benfica, em Lisboa, foi colocado um aviso aos utentes.

07 de setembro de 2025 às 01:30

Os serviços do Instituto dos Registos e do Notariado (IRN) em Benfica, uma das freguesias com mais população em Lisboa, fecharam durante vários dias, nas últimas semanas, por falta de pessoal. À entrada do edifício do Registo de Benfica, junto à máquina da emissão de senhas, o aviso era categórico: “Serviços encerrados por falta de recursos humanos.” O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado (STRN), Arménio Maximino, não poupa nas palavras: “estamos numa situação caótica, que se vai agravar.” Em março deste ano, o Estado tinha um total de cerca de 759 mil funcionários, mas no setor dos registos e notariado não entraram os funcionários indispensáveis ao funcionamento dos serviços (ver texto ao lado).

No Registo de Benfica, os serviços encerrados, por falta de pessoal, estavam identificados: processo de casamentos, apresentação de registo predial e apresentação de registo comercial. Além destes serviços encerrados, um outro aviso informava que podiam também encerrar as senhas para os serviços do registo de nascimentos, do registo de óbito e do registo automóvel, por falta de recursos humanos no atendimento.

Segundo o presidente do STRN, “os serviços do registo civil de Queluz estão encerrados há dois meses”, também por falta de pessoal. E acrescenta: “Se é assim na Área Metropolitana de Lisboa, imagine o que não será no Interior do Pais.” Perante este encerramento dos serviços do IRN, o CM enviou várias questões ao Ministério da Justiça, mas o ministério liderado por Rita Alarcão Júdice não respondeu às questões.

Por seu lado, o presidente do STRN afirma: “Deixar cidadãos sem serviços essenciais, por falta de recursos humanos, é a falência do Estado.” E acrescenta: “Não é aceitável que um setor [do Estado] que fatura em taxas 600 milhões de euros por ano não esteja apetrechado para prestar serviços aos cidadãos e empresas.” E acrescenta: “Temos serviços com atrasos de um ano.” Segundo Arménio Maximino, “o Governo não está a fazer nada para resolver isto [falta de funcionários]”. Para resolver esta situação, o líder do STRN afirma que “é preciso um recrutamento de choque”.

Faltam 2253 funcionários no IRN

O presidente do STRN diz que faltam 2253 funcionários no IRN, o equivalente a quase 40% do efetivo total. Desse número, 266 são conservadores de registos e 1987 são oficiais de registos. De 1996 a 2023, não houve recrutamento de pessoal para este setor. De 2023 até junho de 2025, reformaram-se 526 funcionários do IRN.

E TAMBÉM

Receio de privatização

Arménio Maximino espera que o Governo não esteja a preparar uma tentativa de privatização dos serviços dos registos e notariado realizados pelo IRN. Para o presidente do STRN, “o nosso modelo [de registos e notariado em Portugal] é o mais fiável e mais barato para as pessoas e as empresas”.

Recrutamento

O líder do STRN defende ser necessário o Governo criar condições para o IRN recrutar pelo menos metade dos funcionários em falta neste momento, acrescido do número de funcionários que passarão à reforma nos próximos dois anos.

Funcionários públicos

Em março último, o Estado tinha 759 mil funcionários. Desde 2011, o número de trabalhadores cresceu 15 345 na administração central e 16 329 na local.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8