Filipe torce o nariz quando ouve a palavra “sacrifício”. Com o gorro preso na testa e a arma bem segura na mão, o melhor aluno do 11.º Curso de Operações Especiais diz que não se sente nada “especial”.
Mesmo depois de ter passado os últimos cinco meses no limite da resistência e de ter visto dezenas de outros candidatos ficarem para trás. Mas ontem, quando recebeu das mãos do ministro da Administração Interna a boina verde e as insígnias, sorriu e suspirou. Agora, tal como outros 17 homens, faz parte do Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP, um ‘clube’ de elite tão restrito como eficaz.
Mas a vida vai ser tudo menos fácil. Disponibilidade permanente (mesmo nas folgas e nas férias), participação nas missões policiais mais perigosas (que implicam risco de vida ou ameaça à integridade física) e deslocações para algumas das zonas mais perigosas do planeta. “Isso do sacrifício não existe. Quem está aqui, está porque quer”, garante Filipe, 27 anos, o melhor do curso. “Não quer dizer nada. Alguém tinha de ser o primeiro. Mas somos todos iguais”, diz.
Ou quase. O 11.º curso começou em Fevereiro, com 60 aspirantes, um terço dos que se candidataram ao GOE. E nas vinte semanas seguintes, o número desceu à medida que aumentou a exigência da formação.
No fim, apenas a experiência distingue os novos dos ‘velhos’ elementos do GOE. Mas por pouco tempo. Nos primeiros três meses deste ano, esta unidade de elite da PSP participou em 20 acções de busca domiciliária de alto risco, sempre como apoio à investigação criminal. No ano passado, foram 40 as missões deste tipo, o que demonstra o envolvimento cada vez mais frequente desta unidade de reserva no serviço policial normal. E, nos últimos meses, o GOE participou na resolução de pelo menos dois sequestros em Lisboa.
Mas está mais longe, num país marcado pela guerra, a ‘menina dos olhos’ do GOE. No bairro de Al-Mansour, a zona das embaixadas de Bagdad, uma mesquita em construção separa os dois edifícios da representação diplomática portuguesa no Iraque. Catorze homens do GOE garantem – a pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros – a segurança das instalações e deslocações do pessoal diplomático.
Um tipo de trabalho que, segundo o comandante da unidade, sub-inetendente Magina da Silva, poderá em breve ser feito noutros dois países. “Estamos a preparar e a estudar missões semelhantes para a República Democrática do Congo e para a Arábia Saudita”, revelou. No caso do Congo, a braços com mais uma crise política, será um regresso do GOE, que ali esteve em 1991 e em 2003.
DUZENTOS ELEMENTOS
Apesar de o quadro de pessoal prever a existência de 281 elementos afectos ao Grupo de Operações Especiais, esta unidade de reserva do director nacional da PSP conta com apenas cerca de duas centenas de efectivos, entre pessoal operacional e de apoio. “Um número suficiente e que garante a máxima operacionalidade”, garantiu Magina da Silva.
POR TODO O MUNDO
Em Portugal, o GOE tem competência específica para actuar em incidentes táctico-policiais, mas a sua marca está por todo o mundo. Em missão, O GOE já esteve na República Democrática do Congo, em Angola, na Croácia, na Bósnia, em Macau e na Argélia. Neste momento, há oito elementos destacados em Bissau e catorze em Badgad, capital do Iraque.
CURSO NÃO É PARA QUALQUER UM
“Se não houvesse candidatos à altura”, garante o subintendente Magina da Silva, “o curso seria interrompido sem qualquer problema”. O comandante do GOE admite que nunca aconteceu, mas lembra que já houve cursos a terminar com apenas seis homens. A formação dura cinco meses, sempre à procura de encontrar em cada operacional um equilíbrio entre força e resistência. Há provas físicas, entrevistas, mais provas físicas, formação de tiro e de intervenção táctica e ainda provas físicas. Uma rotina que não desaparece com o final do curso, já que todos os elementos fazem testes anuais.
VÍDEO PREPARA DEMONSTRAÇÃO
OGrupo de Operações Especiais (GOE) da PSP exibiu ontem um vídeo inédito com imagens de operações reais. Portas destruídas com explosivos, muros escalados e suspeitos imobilizados no interior de residências ocuparam quase uma dezena de minutos pouco habituais, dado o secretismo e reserva com que costuma actuar o GOE – avesso à exposição nos meios de Comunicação Social. No entanto, com o final do 11.º Curso de Operações Especiais foi levantada parte do véu e o ministro da Administração Interna, AntónioCosta, teve oportunidade de assistir a algumas demonstrações: além de uma acção com atiradores especiais, o GOE realizou intervenções tácticas num autocarro e num edifício e executou o derradeiro recurso num sequestro: imobilização dos suspeitos.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.