Evaristo Marinho, reformado de 76 anos, confessou o assassínio ao dizer ter disparado seis tiros contra o ator, em 25 de julho de 2020, no concelho de Loures.
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O julgamento do homem acusado do homicídio qualificado de Bruno Candé, baleado no ano passado na Avenida de Moscavide, vai continuar em 18 junho, depois de terem sido ouvidas 24 testemunhas nas duas primeiras sessões no Tribunal de Loures.
Na primeira audiência, ocorrida em 13 de maio, Evaristo Marinho, reformado de 76 anos, confessou o assassínio ao dizer ter disparado seis tiros contra o ator Bruno Candé, em 25 de julho de 2020, no concelho de Loures (distrito de Lisboa).
Hoje, estava previsto serem ouvidas seis testemunhas, mas o Tribunal de Instrução Criminal de Loures decidiu adiar a audição de uma delas, por não ter sido possível notificá-la.
O coletivo de juízes decidiu ainda que não vai necessário realizar prova pericial sobre os danos provocados na família de Bruno Candé, adiantando que "a prova testemunhal é suficiente para avaliar o impacto nos três filhos e na mãe da vítima".
Em janeiro, o Ministério Público (MP) acusou Evaristo Marinho por homicídio qualificado de Bruno Candé, baleado em Moscavide, no concelho de Loures, em 25 de julho de 2020, crime que é agravado por ter sido motivado por ódio racial.
Segundo o despacho do MP, a que a agência Lusa teve acesso, Evaristo Marinho, de 76 anos, afirmou durante uma discussão com a vítima, em 22 de julho de 2020, entre outros impropérios: "Vai para a tua terra, preto! Tens toda a família na senzala e devias também lá estar!".
Durante a discussão, na via pública, o arguido levantou a bengala em direção ao ator Bruno Candé, ameaçando-o de morte e fazendo referência à cor do cidadão.
De seguida, refere o MP, Bruno Candé entrou num veículo, tendo o arguido ainda gritado "tenho lá armas em casa do Ultramar e vou-te matar".
Nos dias seguintes, o arguido passou diversas vezes na mesma rua com uma pistola calibre 7,65 milímetros, esperando voltar a encontrar a vítima, que habitualmente passeava no local com a sua cadela.
No dia 25 do mesmo mês, por volta da hora do almoço, ao avistar Bruno Candé sentado no muro de um canteiro existente na rua, o arguido retirou a arma do coldre, empunhou-a e disparou contra a vítima que, de imediato, caiu ao chão.
Hoje, à mesma hora do julgamento, cerca de três dezenas de pessoas participam numa vigília para exigir "justiça por Bruno Candé".
"O racismo matou de novo. Justiça por Bruno Candé", lia-se nos cartazes erguidos à porta do Tribunal de Loures, distrito de Lisboa, pelos participantes da vigília, na maioria vestidos com 't-shirts' com o rosto do ator.
"O que aconteceu ao Bruno Candé é algo que pode acontecer a qualquer pessoa da comunidade negra ou da comunidade racializada em Portugal", afirmou António Tonga.
Em declarações à agência Lusa, o participante na vigília explicou que "não há uma grande hipótese, vivendo dentro do sistema como ele é, de não se solidarizar" perante este caso, reclamando justiça, e defendeu que a questão "não se prende somente com o assassino".
"Prende-se também com uma punição exemplar aos crimes racistas, um quadro legal em relação ao crime de ódio racial, que seja de facto empregado na realidade, e, por isso, estamos a prestar solidariedade à família do Bruno Candé, mas também estamos a aqui a dizer que mais uma vez o racismo matou e o racismo mata", declarou António Tonga, considerando que este é um problema mundial, que existe também em Portugal.
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