Autoridades acreditam na existência de mais laboratórios. Grupo que torturou escocês no Algarve produzia quantidades elevadas de haxixe em moradia no Montijo.
Os principais suspeitos do sequestro do escocês torturado durante 13 dias no Algarve mantinham um laboratório de droga numa moradia em Sarilhos Grandes, no Montijo. Dada a sofisticação do laboratório encontrado pela Polícia Judiciária, as autoridades acreditam que esta não foi a primeira vez que a máfia inglesa instalou verdadeiras fábricas de produção de droga no Sul do País.
O terreno onde funcionava o laboratório não levantava suspeitas. O grupo cultivava canábis no interior de uma habitação com cinco quartos destinada exclusivamente à produção de droga e bem camuflada.
Ao lado dessa moradia principal havia ainda duas casas geminadas, sendo que todas estavam vedadas e tapadas com muros. Na moradia principal, o grupo aproveitou todas as divisões para instalar a produção de droga. Num dos quartos, destinado a alojar as plantas em fase de crescimento, guardavam em copos as sementes de canábis.
Quando cresciam, mudavam--nas para outra divisão, com luz própria e tubagem com hidrogénio, que favorece o rápido crescimento das plantas. Chegada à maturação, a droga seguia para a secagem.
O laboratório funcionaria desde Junho, uma vez que o principal suspeito, John Maclean, arrendou nessa altura uma casa perto da moradia principal. O britânico nunca levantou suspeitas, dado que ia ao laboratório com a mulher e os três filhos.
As autoridades acreditam que a máfia terá criado mais laboratórios, nomeadamente no Algarve. As boas condições climatéricas, as zonas rurais e os voos baratos entre Londres e Faro sustentam a hipótese.
VIZINHOS NÃO DESCONFIARAM DE NADA DURANTE UM ANO
O laboratório de canábis que a Unidade Nacional de Contra-Terrorismo (UNCT) da PJ desmantelou em Sarilhos Grandes, no concelho do Montijo, terá passado despercebido aos vizinhos durante mais de um ano. Só o fumo negro saído das chaminés da vivenda alertou alguns populares, que no entanto nunca desconfiaram da complexa maquinaria instalada dentro da habitação. John Maclean e os outros três britânicos, todos em prisão preventiva pelo sequestro e tortura de James Ross, montaram um dispositivo hidropónico (luzes e rega constantes) que permitia produzir vários quilos de canábis por mês, que chegaram a render cerca de 1,12 milhões de euros em seis meses. Na propriedade seriam também criados animais.
TORTURADO POR 12 MIL EUROS
James Ross esteve sequestrado desde 5 de Outubro, no Algarve, por quatro raptores britânicos. A PJ chegou a dá-lo como morto, mas o escocês acabou por aparecer vivo, depois de ter conseguido fugir ao cativeiro. Foi encontrado a 18 de Outubro, no meio da estrada, em Alfontes, perto de Boliqueime, Loulé, sem a orelha esquerda, dois dedos da mão esquerda, um de um pé e dois do outro.
Ross devia dinheiro do tráfico de haxixe a John Maclean (cerca de 12 mil euros), que lhe quis dar uma lição. Dois dias depois de o marido ter sido raptado, Donna Ross recebeu uma chamada que a Polícia Judiciária identificou como tendo sido feita de uma cabina telefónica no Fórum Montijo. Do outro lado, Maclean informava a mulher de que Ross estava metido dentro de uma jaula, no meio do mato, inconsciente, e que já lhe tinham partido as pernas, os braços, os pés, os tornozelos e as costelas.
Mas a conversa foi escutada pela polícia inglesa, que passou a informação à PJ. A 15 de Outubro, a Judiciária avançou para as detenções e prendeu os quatro elementos.
John Maclean tem 47 anos e era o cabecilha do grupo. Vivia no Algarve há cerca de cinco anos. Tem mulher e três filhos. Terrence Macgurk chegou a Portugal em Fevereiro deste ano, com a mulher e um filho. Macleod Calum vivia com três filhos numa rulote até ser preso e Ronnie Lee recebia fundos da família para viajar.
Os raptores chegaram a incendiar o carro de um deles, de matrícula inglesa, e a atirá-lo para uma ravina junto à barragem de Santa Clara. A polícia chegou inclusive a procurar o corpo de James Ross na água.
CORPO DE INGLÊS FORAGIDO ENCONTRADO CARBONIZADO
A 14 de Setembro deste ano, foi encontrado um corpo carbonizado no interior de um Renault Laguna, em Santa Bárbara de Nexe, Algarve. Descobriu-se que se tratava de Raymond Grant, de 64 anos, um cidadão inglês que estava foragido à Justiça desde 1999 e que passava grande parte do tempo em Faro.
A investigação apurou que o corpo de Grant tinha sido regado com gasolina e depois ateado com fogo. Grant tinha sido condenado à revelia a 15 meses de prisão por um esquema de angariação de dinheiro em pirâmide, mas continuou a actividade criminosa nos EUA e em vários países da Europa.
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