A edição de hoje
Sónia Moreira e Sílvia Bom não encararam ex-amante, Lorosa de Matos, no banco dos réus.
Sónia Moreira, 45 anos, trabalha num negócio de importação e exportação, que "não é um emprego certo", conforme disse ontem aos juízes. E Sílvia Marques Bom, de 41, passou a administrativa numa empresa gestora de condomínios. Isto porque, em 2011, foram expulsas do Ministério Público - começaram ontem a ser julgadas depois de, enquanto procuradoras no DIAP de Lisboa, terem passaram informações privilegiadas a um burlão foragido da cadeia, com quem ambas se envolveram em relações amorosas.
Sónia e Sílvia nunca encararam, no Campus de Justiça, José Lorosa de Matos, 44 anos, apesar de se sentarem lado a lado. Mas foram próximas do burlão, que estava evadido de Pinheiro da Cruz desde 2003: primeiro Sónia; depois Sílvia. Pensavam ser inspetor da PJ na Interpol. Sónia iniciou mais tarde uma relação com Vasco Novais, amigo do burlão, também a ser julgado.
As ex-magistradas são acusadas de terem facultado a Lorosa de Matos informações processuais e dados pessoais de magistrados e de responsáveis da Polícia Judiciária. Respondem por favorecimento pessoal, abuso de poder e falsificação de documento, para além de acesso indevido e violação do sigilo profissional. Ontem, não quiseram prestar quaisquer declarações.
Lorosa de Matos saiu em precária de Pinheiro da Cruz, em 2003, onde cumpria pena de nove anos por burlas. Pelas redes sociais, conheceu Sónia, com quem se envolveu, e mais tarde a colega Sílvia. Passaram ao burlão, que dizia ser da PJ, dados de várias pessoas, entre as quais do então procurador-geral da República, Pinto Monteiro, e do diretor nacional da PJ, Almeida Rodrigues. Acabou preso em novembro de 2010 pela PJ. A acusação diz que as procuradoras conheciam a real identidade do burlão e que o ajudaram a fugir à justiça.
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