Arguida desferiu 17 facadas no pai e sete na mãe.
O Ministério Público e a defesa de uma mulher que atacou os pais à facada em 2022 pediram esta quarta-feira, nas alegações finais, justiça para a arguida acusada de dois crimes de homicídio, um qualificado e outro na forma tentada.
O coletivo de juízes do Tribunal Judicial de Santarém ouviu esta quarta-feira as alegações finais no âmbito do julgamento iniciado em 13 de setembro e em que a procuradora do Ministério Público, Ana Gomes, considerou provados os crimes de que a arguida, Tânia Ferrinho, está acusada.
Tânia Ferrinho, transgénero, de 42 anos, atacou os pais com uma arma branca, em outubro de 2022, em Samora Correia, no distrito de Santarém.
Nas alegações finais do caso, Ana Gomes considerou que a prova documental e pericial não deixam dúvidas sobre a autoria do crime "impressivo" e "chocante" em que, segundo a acusação, divulgada pelo jornal 'online' Rede Regional, a arguida desferiu 17 facadas no pai e sete na mãe, que se encontrava acamada.
O pai de Tânia Ferrinho acabou por morrer na sequência do crime. A mãe da arguida morreu mais tarde, por doença.
A procuradora reconheceu existir "sensibilidade para perceber o conflito interior de alguém que desde jovem não se identifica com o género com que nasceu" e a pressão que o processo de transição de género poderá ter causado na arguida, mas recusou a argumentação de que o crime foi cometido no âmbito de um surto psicótico.
Aludindo a perícias realizadas, a procuradora considerou que Tânia Ferrinho "não tem nenhuma psicose primária" e que alegados "surtos psicóticos que possa ter tido resultam do consumo de drogas sintéticas", não podendo por isso ser considerada inimputável.
Além disso, acrescentou, "não mostrou qualquer arrependimento", pedindo assim que seja condenada a uma pena de acordo com a gravidade do crime e que assim se faça justiça.
"Justiça" foi também o que pediu ao coletivo a advogada Maria João Alves, nomeada defensora de Tânia aquando da sua prisão e que lembrou ter dado com ela nos calabouços do tribunal "virada para a parede, em posição fetal, quase incapaz de comunicar".
Tal como o Ministério Público, a defensora disse não ter dúvidas "nenhumas de que a prova está feita", mas, ao contrário da procuradora, considerou que o crime ocorreu na sequência de "mais de uma década de processos complexos", de perda de um irmão, mudança de género, isolamento social e violência doméstica, que provocaram a Tânia "surtos psicóticos e às vezes interrupções de consciência", estado em que alegou que a arguida estaria quando esfaqueou os pais.
"Tenho as maiores dúvidas de que a Tânia tivesse cometido este ato conscientemente e a certeza de que nunca foi ajudada", afirmou, admitindo que a arguida "praticou algo que ninguém pode compreender", incluído a própria, que manifesta "incredibilidade" pelos seus atos.
Alegando ainda que Tânia Ferrinho estaria "incapaz de controlar os seus impulsos" no momento do crime, a advogada pediu ao Tribunal "justiça" e que a pena a aplicar tenha em conta as circunstâncias particulares de Tânia Ferrinho.
Durante todo o julgamento, a arguida recusou falar ao tribunal.
A leitura do acórdão ficou agendada para dia 18, às 09h30.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.