Catarina Cascarrinho
JornalistaSofia Piçarra
JornalistaO pai de Jéssica, a menina de três anos assassinada brutalmente em junho do ano passado, foi esta segunda-feira, ouvido no Tribunal de Setúbal.
Alexandrino Biscaia não quis prestar quaisquer declarações aos jornalistas à chegada ao tribunal. O pai de Jéssica terá que explicar que relação tinha com a criança. Recorde-se que a semana passada, chegou mesmo a dizer aos meios de comunicação que "a maior culpada disto é a mãe".
O pai de Jéssica emigrou em fevereiro de 2022 para os Países Baixos e não tinha um relação muito próxima à menina.
"A menina não tinha qualquer tipo de alegria": Alexandrino refere que o estado da filha começou a piorar quando se separou de Inês
Alexandrino começa por contar que conheceu Inês Sanchez em 2017 e que manteve com a mesma uma relação até outubro de 2020. O pai de Jéssica conta que um mês após se conhecerem começaram a morar juntos. A casa era paga por ele. "A Inês não trabalhava, nunca trabalhou em quatro anos. Era tudo mentiras", salienta.
"Quando nos separamos, não consegui visitar a minha filha em casa. A Inês fazia questão de eu não saber onde é que elas viviam. Falava poucas vezes com a menina e só a voltei a ver em janeiro de 2021.", explica.
"Quando a voltei a ver, senti que algo de estranho se passava. Ela era o meu amor e senti isso, não vi alegria na menina. Devia estar assim porque a mãe a maltratava".
Inês chora perante o testemunho do antigo companheiro.
Após a separação, Alexandrino viu a criança poucas vezes. Em média, falavam por videochamada uma vez por semana. Já presencialmente, a frequência era ainda menor. O pai de Jéssica conta que com o passar do tempo foram se afastando ainda mais.
Pai de Jéssica diz que não reparou em marcas no corpo da menina quando lhe deu banho e mudou a fralda
O pai de Jéssica relembra um fim de semana que passou com a filha após a separação de Inês Sanchez.
"Aluguei um quarto no bairro do liceu", conta.
O juiz pergunta a Alexandrino se se apercebeu que a menina tinha alguma lesão ou marca no corpo quando lhe deu banho e mudou a fralda.
O pai de Jéssica diz que não reparou em nada fora do normal, mas que quando estavam juntos a criança demonstrava ter dificuldades em defecar.
O juiz insiste e pergunta se Alexandrino verificou o ânus da criança. Este refere que não se recorda.
Pai de Jéssica nega ter comprado droga a Eduardo e a Justo Montes
O Tribunal tentar compreender se Alexandrino tinha alguma relação com Eduardo e Justo Montes, o filho e o marido de Tita. Esta dúvida surge porque na última sessão de julgamento, Eduardo afirmou que, entre 2017 e 2019 ,o pai de Jéssica ter-lhes-ia comprado drogas.
"Eu consumo estupefacientes, mas não vendo", diz o pai de Jéssica, negando ter alguma vez comprado aos arguidos.
"Apenas os conhecia de vista, nunca tive uma grande afinidade com eles", aponta.
Inês Sanchez pediu dinheiro a Alexandrino no dia da morte de Jéssica
O pai de Jéssica apresenta algumas mensagens que trocou com Inês Sanchez, entre as quais destaca uma recebida no dia da morte da filha.
"Olá paixão não te esqueças de mim para mandares à minha conta", foi a mensagem que a mãe de Jéssica enviou a Alexandrino dia 20 de junho às 11h56.
"Sinto-me culpado": Pai de Jéssica não voltou a falar com a menina depois de abril de 2022
A partir de abril de 2022, Alexandrino nunca mais volta a ver a filha por videochamada. O juiz pergunta porque que o mesmo manteve o contacto com a Inês e não insistiu mais para criar laços com Jéssica.
"Era sempre enganado pelas mentiras da Inês. Não tinha o contacto da avó materna da Jéssica. Sinto-me culpado como pai", desabafa.
Alexandrino explica que depois daquele mês não voltou a falar com a filha e que apenas a viu através de fotografias.
"Achei que a Inês estava a malhar na menina": Pai de Jéssica diz que se apercebeu que a filha tinha hematomas durante uma videochamada
O juiz pergunta se Alexandrino reparou em hematomas em Jéssica durante as videochamadas que fazia com a filha. O pai da menina confirma e diz que numa dessas chamadas, ao fazer zoom na imagem, conseguiu aperceber-se de certas lesões.
"Achei que a Inês estava a malhar na menina", refere o pai de Jéssica.
Alexandrino diz que tem várias fotografias que comprovam aquilo que diz. Procura uma no telemóvel para mostrar um exemplo. Apresenta uma imagem, na qual diz ter reparado em alguns ferimentos na testa.
O juiz diz que a fotografia não é muito percetível.
"Quando viu os hematomas falou com Inês?", pergunta o Ministério Público.
"Sim, confrontei-a com isso. Ela disse que a menina tinha passado um fim de semana na casa da madrinha e que tinha caído de uma cadeira", responde Alexandrino.
O Ministério Público aponta para flagrantes contradições no testemunho de Alexandrino Biscaia, sobretudo nas datas em que o mesmo afirmou ter-se apercebido de hematomas em Jéssica e as datas em que referiu ter feito videochamada.
Terminaram as declarações de Alexandrino
A cabeleireira de Inês diz ter visto Jéssica com uma negra na testa
A cabeleireira de Inês começa por dizer que a mãe da menina começou a frequentar o seu espaço oito meses antes da morte de Jéssica.
"A Inês ia todas as semanas. Depois quando teve o problema oncológico, como ela disse, deixou de ir com tanta frequência. A Jessica foi minha cliente só uma vez. A menina foi no início de junho cortar o cabelo".
Diz conhecer Jéssica por acompanhar a mãe ao cabeleireiro. Questionada pelo MP se tinha notado alguma coisa no cabelo da menina, a cabeleireira diz não ter notado nada.
"Tem a certeza que a única vez que a atendeu foi em junho?", pergunta o MP.
"Sim foi no início de junho de 2022."
"Foi feita feita alguma marcação para a menina em janeiro do ano passado?", a cabeleireira respondeu que não.
O MP confronta a testemunha com uma fotografia da agenda com marcação de Jéssica. A mulher insiste que foi no dia 2 de julho que cortou o cabelo a Jéssica e garante que a cabeça estava normal.
"Só uma vez que foi com a mãe e que tinha uma negra na testa".
A cabeleireira diz ter visto Jéssica, pela última vez, no dia 2, depois de ter ido ao seu salão cortar o cabelo.
"Na altura a Inês disse-me que a menina ia para um infantário e que ia cortar o cabelo para ir para o infantário", referiu.
Diz ter sido a própria a rapar o capelo de Inês, a máquina zero, mas não se recorda como é que a menina ía vestida.
Terminou o depoimento da cabeleireira de Inês
"Soube que a Jéssica tinha morrido pela minha neta mais velha": Avó paterna de Jéssica diz que o filho e Inês mentiram muito
Maria Lino, mãe de Alexandrino, avó paterna de Jéssica, começa por dizer que a neta era uma menina "muito querida, era adorável".
"Infelizmente conheço a Inês. Não conheço os outros arguidos. Encontrava muitas vezes a senhora mais velha (Tita) no Pingo Doce, mas só a conhecia de vista".
Questionada pelo MP, Maria, afirma que vinha muitas vezes a Setúbal para estar com a Jéssica, "na altura ainda estava com a Inês, às vezes semanalmente outra vezes ao fim-de-semana".
"Vi a Jéssica 7/8 meses antes da morte. Há dois anos, no natal, a menina usava fralda. Não podia permanecer muito tempo com a menina... não chegava a uma hora".
Sabia que o seu filho consumia?
"Apercebi-me que o meu filho era muito alterado".
Alguma vez falou com a menina ao telefone?
"Sim! Ela dizia "Olá avó eu gosto muito de ti".
A avó materna da menina diz também nunca ter mudado a fralda à neta e que o filho e Inês mentiram muito.
"Quando o meu filho foi embora, eu vivia numa casa alugada, era uma residência fixa, não era minha".
O Juiz confronta a avó de Jéssica com a foto do objeto (moca). Maria Lino reconhece-o e diz que estava em casa dos pais, mas não sabia que se chamava moca. "Vi muitas vezes isso na casa dos meus pais".
Questionada pelos advogados, se nestes últimos meses o filho falou da Jéssica ter algumas marcas, Maria garante que não.
"Soube que a Jéssica tinha morrido pela minha neta mais velha. Eram vinte para as duas da manhã".
A avó paterna de Jéssica pede ao coletivo justiça para quem fez mal à neta.
Terminou a sessão
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