Três suspeitos ficaram em prisão preventiva. Companhia aérea teve prejuízos na ordem dos 12 milhões de euros.
Peças falsificadas na TAP: o esquema que envolveu um fiel de armazém e uma empresa com atividade para sex shop
Com acesso privilegiado ao armazém e ao setor das compras da TAP e da Hi-Fly e contactos no mercado das peças para aviões, Gonçalo Trinchante, Amândio Geada e Manuel de Almeida são suspeitos de, juntamente com o cidadão argentino José Alejandro Zamora Yrala, terem provocado um prejuízo de 12 milhões de euros à companhia aérea portuguesa com um esquema de venda de componentes não certificados para a manutenção de aviões.
Na sexta-feira, depois de detidos pela Polícia Judiciária, os três portugueses ficaram em prisão preventiva, por crimes de corrupção, burla qualificada, atentado à segurança de transporte por ar, falsificação de documentos e associação criminosa.
Aberta em 2024, a investigação que deu origem à operação “Voo Cego” apresentou os três suspeitos a um juiz de instrução, exibindo uma radiografia do esquema que terá decorrido em Portugal, mas que teve origem em Inglaterra, através de uma empresa denominada AOG, controlada pelo cidadão argentino, detido, em 2023, pela agência anti-fraude inglesa, o “Serious Fraud Office”, que colaborou com a Unidade Nacional de Combate à Corrupção nesta investigação.
De acordo com informações recolhidas, no interrogatório judicial, duas procuradoras do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) alegaram que o empresário argentino, detido em 2023, em Inglaterra, pelo menos desde 2015, teve contactos com Gonçalo Trinchante e Amândio Geada, este um ex-funcionário da TAP que, entretanto, encontra-se, atualmente, na Hi Fly, a terceira maior companhia aérea portuguesa.
E que, durante sete anos (2015-2022), Gonçalo Trinchante, responsável pelo armazém da TAP, terá fornecido a José Yrala várias peças e outros componentes que se encontravam guardados nas instalações da empresa, assim como vários certificados internacionais, que validavam a qualidade das peças.
Os componentes seriam, então, enviados para Inglaterra. A partir de 2019, quando a AOG foi aceite como fornecedora da TAP, as peças regressariam a Portugal com certificados falsos, iludindo, assim, a companhia aérea.
A investigação suspeita que Amândio Geada também terá desviado peças da Hi-Fly, vendendo-as, posteriormente, à AOG. Para a emissão de faturas, criou a sociedade “Eagle Podium”, cujo objeto social vai desde a “prestação de serviços e elaboração de relatórios” ao “comércio a retalho e vestuário para adultos” e a “Sex-shop: comércio a retalho de outros produtos novos em estabelecimentos especializados ou via Internet”. Ao mesmo tempo, como diretor de compras da Hi-Fly, Amândio Geada terá ainda feito várias encomendas de peças à AOG, assim como desviado formulários que atestassem a (pretenda) qualidade das peças.
O terceiro elemento, Manuel Almeida, é suspeito de integrar o esquema como um diretor de vendas fantasma da AOG, em Portugal. Aliás, no processo de candidatura a fornecedor da TAP, terá sido este suspeito a preencher e a enviar a respetiva documentação. Este arguido é ainda suspeito de manipular informaticamente os documentos que atestavam a certificação das peças.
Com este esquema, os três portugueses terão ganho, segundo as contas apresentadas pelo DCIAP, perto de um milhão de euros em comissões. E, na última quarta-feira, durante as buscas, a Polícia Judiciária encontrou nas buscas a Gonçalo Trinchante e Amândio Geada diversas peças de aeronáutica, acondicionadas em sacos de plástico, nas respetivas residências.
Em comunicado, o DCIAP adiantou que “a deteção dos factos sob investigação decorreu da articulação direta da companhia com os fabricantes internacionalmente certificados para a produção de componentes com as especificações técnicas dos identificados”.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.