Pedro Dias, que está a ser julgado por vários crimes, entre os quais três homicídios ocorridos em Aguiar da Beira, já não vai falar esta terça-feira ao tribunal da Guarda.
Segundo apurou o CM, o homicida de Aguiar da Beira apenas falará depois de serem entregues as perícias médicas efetuadas a Lídia Conceição, de 56 anos, que foi sequestrada e agredida violentamente na cabeça, numa casa desabitada no Lugar da Portela.
A vítima sofreu um AVC e as suas declarações serão lidas em tribunal e aceites como prova.
As perícias serão entregues a 13 de dezembro, com as alegações a serem marcadas para 5 de janeiro, com inquirição a Pedro Dias.
"Ele disse que queria esclarecer a verdade e assumir as suas responsabilidades", reitera.
Pedro Dias vivia "momento feliz" e foi "pai na cadeia"
Durante o depoimento, a irmã de Pedro Dias revelou que o irmão vivia um "momento feliz" na altura dos acontecimentos e que "a namorada estava grávida".
"Ia nascer mais um. Estávamos felizes. Quando ele ganhou a custódia da filha fizemos uma festa", explica, confessando que o irmão "não conhece o filho mais novo".
"Foi pai na cadeia. Recusa-se a conhecer o bebé por um vidro. Nunca lhe tocou", adianta a irmã.
Pedro Dias "rezava" por Liliane
"Rezamos todos os dias pelas vítimas. Quando a Liliane morreu, ele desabou. Fazia novenas por ela", diz Andreia Susana, que assegura que viu o irmão "chorar como um bebé quando a Liliane morreu".
Também António Miguel Monteiro, outra das testemunhas de defesa de Pedro Dias, garantiu que o amigo era "muito religioso" e lhe pediu "para rezar pela Liliane".
"Ele queria que a Liliane falasse, que ela contasse o que aconteceu. Só ela podia dizer a verdade", disse.
Pedro Dias sentia-se "muito perseguido pela GNR"
António Miguel Monteiro salientou, durante a sua intervenção em tribunal, que Pedro Dias se sentia "muito perseguido pela GNR" e que era "sucessivamente fiscalizado" desde que entrou em processo de litígio com a ex-mulher sobre a guarda da filha. Segundo António, que conhece Pedro "há 30 anos", a ex-mulher, médica veterinária, "tinha contactos com a GNR".
"O meu irmão não é um monstro"
Andreia Susana assegurou em tribunal que o irmão "era uma pessoa bondosa".
"O Pedro é amigo do seu amigo, com uma bondade excessiva, e ajudava todos", reitera, salientando o apego do homicida de Aguiar da Beira aos filhos, com quem "era extraordinário".
"O meu irmão não é um monstro. É o irmão que todos querem ter, o filho que os pais querem ter. É muito paciente e não faz nada sem razão", diz.
Cláudia Cardoso, amiga de Pedro Dias há quarenta anos, também defendeu essa ideia. A testemunha de defesa é advogada e garante que o amigo "é extremamente meigo e solidário" e "muito dedicado aos animais". "Não é o monstro que a comunicação social descreve", assegurou, em tribunal, admitindo que os pais de Pedro Dias "estão a sofrer muito".
"É muito difícil estar aqui"
Várias testemunhas hoje ouvidas no Tribunal da Guarda descreveram Pedro Dias como um homem meigo, educado, pacificador, que gostava de ajudar os outros, tendo alojado pessoas sem-abrigo, alimentado quem tinha fome e dado lenha a quem tinha frio.
A descrição feita pelas testemunhas da personalidade de Pedro Dias - que está a ser julgado por vários crimes, entre os quais três homicídios ocorridos em Aguiar da Beira -- foi, ao longo da manhã, motivando vários momentos de tensão e troca de palavras entre os advogados e entre os familiares que estavam no público.
Incomodado com comentários que alegadamente ouviu de um dos advogados, Pedro Dias chegou mesmo a levantar-se e a dizer "senhor juiz, é muito difícil estar aqui...", tendo sido advertido de que não podia falar neste momento.
"Ele matou os meus filhos"
Também presente em tribunal, a mãe de Liliane Pinto não conteve a emoção durante o testemunho da irmã de Pedro Dias. Entre soluços de choro, gritou. "Ele matou os meus filhos", ouviu-se na sala.