A cada telefonema, a cada carta recebida o coração dos pais de Rui Pedro, o menino desaparecido de Lousada quando tinha onze anos, batia mais forte. Era uma nova esperança, um sinal de que o menor podia estar vivo. Mas, as mais de cem pistas recebidas ao longo de 13 anos revelaram-se infundadas e apenas serviram para aumentar ainda mais a dor dos pais.
A primeira pista falsa foi recebida a 13 de Março de 1998, apenas nove dias após o desaparecimento do menino. Um homem ligou para casa da família, gritou a palavra ‘pedofilia’ ao telefone e desligou. Não tinha qualquer informação sobre Rui Pedro e muito menos sabia o paradeiro do menor. Mas, o calvário dos pais de Rui Pedro ainda mal tinha começado. Dez dias depois seguiu-se uma pista de que o menor tinha sido visto numa bomba de gasolina em Espanha. A PJ foi ao local, mas mais uma vez era mentira.
Seguiram-se telefonemas de todo o género. Uns diziam que Rui Pedro estava em casa de um jogador da Corunha, em Espanha, outros indicavam que estava na Holanda e que lhe iam retirar os órgãos.
Houve também quem se aproveitasse do sofrimento da família para vinganças pessoais. Foi o caso de uma mulher no Montijo. Denunciou o ex--cunhado como sendo o raptor do menino, pois acreditava que era o responsável pela morte da sua irmã que se tinha suicidado meses antes.
O avô materno de Rui Pedro foi, no entanto, um dos que mais sofreu com os sucessivos enganos. Dono de uma extensa fortuna, viu-se atacado por uma série de pessoas oportunistas. Recebeu cartas anónimas de um vizinho que lhe chegou a pedir vários milhões para indicar o paradeiro do neto e alugou um carro para um presidiário que durante uma saída precária, e com uma autorização especial, foi ao estrangeiro alegadamente para "salvar" o neto Rui Pedro.
AMIGO TENTOU SUICÍDIO
O desaparecimento de Rui Pedro provocou um enorme sofrimento não só na família, mas também nos amigos mais próximos do menino. Cerca de dois meses após o desaparecimento da criança, o melhor amigo de Rui Pedro, que andava com ele na escola de Lousada, tentou suicidar-se. Durante as férias da Páscoa os pais apanharam a criança com uma corda ao pescoço, com a qual tentava enforcar-se.
A situação deixou os pais do menino em choque. Receosos de que o filho pudesse estar a ser ameaçado por alguém, contactaram a Polícia Judiciária. Em conversa com os inspectores, o menino explicou que apenas sentia muita falta e saudades do amigo e que temia que algo de mal lhe tivesse acontecido. A criança revelou ainda que sentia muito medo que alguém também o raptasse.
PRIMO TAMBÉM RECEBEU TELEFONEMAS
João André, primo de Rui Pedro, também chegou a receber telefonemas em casa. Todas as semanas o jovem, que ao contrário do menor não compareceu ao encontro marcado com Afonso, e a família eram informados de uma nova pista.
"Até para minha casa chegaram a ligar, não sei como descobriam os nossos números de telefone. Os meus tios difundiram os contactos deles, mas nós nunca o fizemos", explicou o jovem.
João André recorda que a família sofreu muito durante estes treze anos, em especial o avô de Rui Pedro. "Ele correu tudo, chegou a estar num descampado toda a noite porque disseram-lhe que iam lá entregar o Rui Pedro. Sofreu muito", garante João, que é um ano mais velho do que o primo.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.